Carta Aberta a Bruno Mazzeo
e seus amigos
PEDIDO DE DESCULPAS
Bruno,
Estou indignado com a manchete da Folha de S. Paulo, deste
sábado.
Imagine você sendo entrevistado por um repórter do que
talvez seja o maior jornal do país, a Folha de São Paulo, durante três horas,
sobre vários e vários assuntos. Eu ia ver naquele dia o filme do Breno,
“Gonzaga” e o cara não me deixou ir porque ele queria três horas de entrevista.
Imagine você que, em falando de política, você coloca a sua
posição pessoal. Que no meu caso é defender o filme de autor e de arte, visando
a qualidade e utilidade da mensagem, etc (posição essa que você ou qualquer
outro cineasta poderá vir a ter, mais cedo ou mais tarde).
Imagine que no meio dos 180 minutos de entrevista, você
relaxe por um segundo e use uma formulação errada. Não digo que eu não tenha
dito que “Cilada, é uma m...” Porém, se disse, declaro que foi em meio de
vários outros exemplos de filmes que eu acho que não devem ser tão apoiados
pelo Governo neste momento, já que o mercado apoia o suficiente. É só uma
opinião. Claro que defendo a pluralidade como valor maior. Cada um faz o cinema
que quer. Estou convencido de que botando um pouco de arte nas comédias
populares, elas vão dar mais dinheiro ainda. Enfim, eu não deveria nunca ter
dado uma longa entrevista a um repórter com a cara de medíocre. Me repreendo
severamente pela bobeada, MAS... COMO É QUE SE VAI ADIVINHAR QUE O MAIOR JORNAL
DO PAÍS VAI TER UM REPÓRTER QUE TOMA UM AVIÃO DE SÃO PAULO PARA A TERRA DENTRO
DA MINHA CASA PARA FAZER IMPRENSA MARROM COMIGO?!
Fiquei horrorizado quando li a manchete. O que você vai
pensar de mim agora? Que sou um agressivo petulante, seria o mínimo. O que não
tem nenhuma correspondência com a verdade. A verdade é que sempre admirei e
continuo a admirar você como excelente comediante e em particular como jovem
empreendedor, homem que faz as coisas acontecerem! Só que não estou, neste
momento, apoiando para todos os fins os filmes como os seus. Olha Bruno, fazer
sucesso, seja com for, com cinema brasileiro...é um mérito indiscutível!!!
PORÉM ESTÁ CADA VEZ MAIS PERIGOSO DAR ENTREVISTAS... Disse
alguém famoso que “repórter só pensa besteira”. Está certo. Bem faz o Pedro
Cardoso que nunca dá entrevistas.
Obs.: não creio que a Mônica Bergman tenha tido nada a ver
com isso, isso é desmando de um repórter idiota qualquer, que nem me dou o
trabalho de descobrir o nome. Mas que devia ser repreendido, diante da redação
inteira. Porque o Brasil precisa de jornais sérios, como a Folha de S. Paulo. Não
pode permitir irresponsabilidades como esta, somente fazem diminuir a
credibilidade do jornal.
Mas deixa pra lá, isso é lá com eles.
Quanto a você, espero, sem muita esperança, que possa
desculpar este veterano batalhador do cinema e das artes, que assina.
Domingos Oliveira.
Ps.: Peço ao pessoal que leia sobre isso no meu blog ou
facebook, que repercutam junto à Folha de São Paulo para que isso não seja
apenas um caso pessoal desagradavelmente desabalizado.
Não quero ter medo do jornal, não quero ter medo de dar
entrevistas a essa altura do campeonato, entende? Afinal estamos em uma
democracia.