quarta-feira, 23 de junho de 2010

continuação do IP (Idiota Plástico)





O carro rolava por ruas escuras até o Galpão de S. Cristóvão. Era intrincado chegar lá. Sou ruim de caminho além do Rebouças. Passavam as luzes brancas dos postes e as vermelhas dos automóveis, enquanto e eu pensava no papo do IP. Aparentemente certo nas suas estocadas, IP falava apenas dos Artistas que não o são, que existem em todo lugar, não apenas na Arte Contemporânea. No Teatro não faltam simbólogos, defensores da liberdade, incompetentes teatrais, chocadores de burgueses e até cenógrafos sem peça.
Todo esse pessoal, por exemplo, que faz o “espetáculo” em vez de fazer a peça, do brilhante Gerald T. à turma que alguém chamou de “quinteto irreverente”(B. Lessa, Possi N., Ulisses, Gabriel V. e o próprio G. Tomas) eram mais ou menos isso, embora talentosíssimos, são alguma forma isso. Na minha opinião não fazem Teatro propriamente dito. Mas daí a dizer que não são artistas vai uma agressão. Tenho certeza que o mesmo acontece no cinema, na literatura etc. A Arte quando é clara, compreensível, diante da qual um homem de bem não precisa franzir o cenho, tende a ser maior, não há duvida. Mas a Arte Contemporânea não se propõe a isso, porra... Enfim eu continuava discutindo como IP. Mas só por dentro porque por fora eu falava com o Zé, precisava falar, sobre a Arte, enquanto rolava o carro:
-“A única coisa da qual se pode acusar a Arte é de não sê-lo.
A Arte, ela salta, melhor que o gato. Por cima da aparência.
E aquele que recebe a mensagem do Artista salta também, por cima do muro sensorial com que está acostumado a perceber o mundo, recebendo o recado no seu eu mais profundo.
Se alguém quem morrer, morrer mesmo de não ter jeito, toque para ele uma música de Mozart, ou mostre um quadro de Renoir, um bom filme... Se isto não salvá-lo, desista. O homem está morto.
É preciso observar com argúcia as relações entre a Arte e o Tempo.
O tempo da Arte é o tempo eterno, o tempo que não é tempo.
A Arte tenta resumir no tempo o funcionamento do mundo.
Pretende entender numa sinfonia, num quadro ou num livro a inteligência do Mundo.
Portanto deseja destruir o tempo, é inimiga do Tempo.
Há algo de francamente antagônico entre a Arte e o Tempo. Se toda a consciência conduz à compreensão de que tudo é movimento, sendo o Mundo puro fluxo... a Arte tenta fixar numa obra estática esta eterna mudança.
Algo existe dentro da contraditória Alma humana que não é Tempo, que
não é fluxo. É a isto que a Arte se refere!
Se o Tempo é realmente um Deus, como frequentemente parece, então a Arte é um movimento de pura rebeldia."
O carro fez uma curva fechada, derrapando pneus, o Zé estava com pressa de chegar, embora me ouvisse com atenção.
“Terá a arte algum valor objetivo?" -perguntava eu. “Ou seu julgamento será sempre subjetivo, sempre dependendo de um “eu gostei” e “eu detestei”. Multidões de filósofos ao longo do tempo debruçaram-se sobre esta candente questão. A arte tem um valor em si, intrínseco, evidentemente. Só porque não me ocorre outro exemplo, Shakespeare é representado hoje, como era há 100 ou 2OO anos atrás, na Rússia, na Suécia, na Indonésia, no Brasil. Shakespeare tem um valor intrínseco. Ele fala com a alma humana, diretamente, não importa em que época e em que lugar.”
Zé agora rodava por ruas que eu não conhecia e avisou que já estávamos chegando.
-“Uma obra de Arte não é boa porque dez pessoas gostam, um milhão ou apenas uma pessoa gosta. A Nona Sinfonia (prefiro pessoalmente o “Concerto para Violino”), a Vitoria de Samocracia, as flores de Renoir, os auto-retratos de Rembrandt, os filmes de Carlitos, a voz do Frank Sinatra e as milhares de obras de Arte que, enfim, permitem um homem viver, em vez de meter uma bala nos córneos... tem valor em si.
Mesmo que ninguém as tivesse visto jamais! Ainda assim seriam valorosas e imortais. São o patrimônio da Humanidade, enquanto a Humanidade existir serão magníficas obras de arte. E quando a humanidade não existir mais, tendo a Terra sido dominada pelas formigas, ainda assim –reconhecerão as formigas- serão magníficas obras de arte. Pois elas se referem ao Universo e a tudo que existe além dele. Enquanto alguma coisa houver, em vez de simplesmente haver nada, elas serão magníficas obras de Arte.
E não creiam que sejam tão raras. E tão difíceis de reconhecer. O homem que reconhece a obra de Arte chama-se o Artista. E tem muito artista por aí. Voce, com tuas nuvens de ferrugem, tua versão 2000 das paredes de Lascaux, é um deles. Toda geração que veio dos anos 60, que envolve nomes como Cilso, Gerchmann, Vergara, Antonio, Antonio Manuel, Barrio, e mais no mínimo duas dezena de outros também. Não é todo dia. mas de vez em quando acontece. E uma vez Artista, como torcedor do Flamengo, sempre Artista.”
O Zé delirava em calmo entusiasmo, como é de seu estilo:
-“Por que onde começa o abstracionismo e termina a figuração? A pintura ela mesma é uma abstração, a Arte é uma abstração, o mundo e a consciencia são abstrações.”
-“Todo delirio é real, este é o melhor modo de pensar, para evitar o psicanalista”-preconizei. Um homem abre os olhos e codifica o mundo. Não sei o que é um girassol. É uma flor esquecida, um pouco obesa e desajeitada, que está ali no jardim em meio a outras, com pessoas passando por perto, indo e vindo. Não sei bem o que é um girassol, mas quando vejo o girassol que Van Gogh pintou, então sim, eu compreendo o que é um girassol..." O grande acontecimento na História da Pintura é sem duvida o advento da Fotografia, que a libera da função documentária e aponta para o abstracionismo como caminho quase obrigatório. Apesar de que a Pintura, enquanto Arte, nunca documentou nada. Ela respondeu sempre a uma eterna inquietação da humanidade, que nos assalta desde pequeninos: será que o que estou vendo é o mesmo que voce vê? O que eu chamo de vermelho, é o mesmo vermelho teu? Tua VISÃO do mundo é igual a minha? É o mesmo mundo que vemos, habitamos, vivemos? São perguntas de criança e de gente grande também. Observando um bom quadro, vejo o que o pintor vê, ou viu, ou quis ver enquanto pintava. Pela Arte, devasso o indevassável outro, penetro no impenetrável do outro. Sei que para El Grego, o mundo era alongado verticalmente, que para Modigliani as mulheres tinham pescoços de girafa e para Cezanne o ar era azul. E assim me sinto menos só.”
-“A arte contemporânea -disse o Zé- ela se propõe uma tarefa nobre. A de trazer para o mundo não a representação de uma coisa existente mas sim algo de novo, que não existia antes. Ninguem precisa entender um quadro. É coisa para os olhos verem. Por que ninguém reclama de que não entende uma musica???"



Chegamos ao Galpão.
Era uma Fábrica abandonada, assustadoramente vasta e, porque não dizê-lo, muito misteriosa. Eu avançava cauteloso por aqueles lugares escuros, o Zé me orientando, enquanto subia escadas e aravessava alpendres em direção ao quadro de luz. Enquanto isso me falava do seu trabalho:

“As vezes recebo um galerista no meu ateliê e me recuso a vender certo quadro. Não está pronto, digo, o galerista discorda. Mas não vendo. O quadro tem primeiro de espantar a mim, não importa que espante os outros. Se não, não está pronto. Também não deixo levar para casa por uma semana para ver se combina com os móveis -você acredita que me pedem isso?

Este galpão eu saí procurando e aluguei para poder fazer meus “monstros comedores de margaridas”, que vou expor no MAM. Era uma velha fábrica abandonada, onde repousam, talvez para sempre, restos de tudo: Pneus, madeiras, grandes galões ou engradados, até restos de desfiles de Carnaval. Coisas sem valor e esquecidas. Animais também, tem aqui, cachorro velho, gato, cabra, até cobra. Também restos humanos. Umas pessoas suadas e sujas, de bernudas e sem camisa, que dormem por aqui. Aparecem de manhã, me pedem 1 real para tomar café, vão no botequim, depois voltam pra cá e ficam por aí o dia inteiro, quase invisíveis... Devem estar dormindo em algum canto.
Também eu fico aqui o dia inteiro, enquanto meus monstros, alguns já pendurados, se formam.

E em dizendo isso meteu a mão no quadro de luz e desceu uma chave.
Tudo se iluminou de repente.
E lá estava eu, no meio do galpão diante das telas penduradas, com cordas e roldanas.
Telas de talvez 5 metros de altura, por 6 de comprimento. Meia dúzia de telas, formando um conjunto realmente enorme, um canto de outro mundo.

Por um momento eu não disse nada, sob o impacto daquela cena, a estranheza da experiência. Este momento se prolongou talvez por minutos, não sei. Os quadros eram muito bonitos e me silenciavam, assim como silenciavam o espaço. Devoravam-lhe o ar. E o pintor continuava a me contar coisas sobre seu trabalho. -“Cada quadro demora mais ou menos 90 dias para ficar pronto. Primeiro estendo a lona de caminhão. Depois coloco sobre ela, em camadas diferentes “a cabeleira”, a lã de aço, que vêm em bobinas que só eu tenho. Aí molho aquilo tudo (água) e espero a oxidação. Espero. Sem saber o que vai sair ali debaixo. Epero 30, 40 dias, dependendo das condições atmosféricas. Espero. Uma espera cega. Então retiro tudo e vejo o que a oxidação fez, o que resultou na lona. Então começo tudo de novo, desta vez exercendo certas escolhas. Coloco mais ali, menos aqui, cubro tudo de novo, de novo a cegueira. E espero o que a oxidação e o Tempo têm para me oferecer. Uns 90 dias depois descubro tudo e penduro. Eis o quadro, sobre o qual depois exerço outras modificações. Eis o quadro, instável, impermanente. O quadro. A espera é muito importante no meu trabalho, fica certamente impregnada nele. De alguma forma meu trabalho é sobre a Espera.


Mas a voz do Zé já soava para mim baixa e distante. Eu não ouvia mais as explicações, não tinha importância, os quadros não deixavam. Eu tinha sentimentos:

Memória, espera, Isolamento, Resto, Sobra, imperfeição, imprecisão ...Eram telas grandes, ou melhor, diante delas eu era pequeno. E me olhavam, abandonadas como todo resto. Os quadros eram a face férrea do mundo, a porta intransponível, a caverna do futuro, a cortina de ferro que impede o incêndio nos Teatros.
E devoravam meu tempo, minha vida, devoravam o meu abandono e o abandono daquele lugar. Súbito entendi o absolutamente título, aparentemente gratuito, que o Zé propunha... Eram monstros bobos. Comendo Margaridas. Margaridas do meu coração.

O Zé tambem estava calado, andava por ali a esmo, conhecia bem o lugar. O silêncio foi quebrado por mim:

-“Parabéns” -eu disse. Zé, é um bom trabalho. Só vendo, eu não fazia idéia. Não só seus quadros são gigantescos. As aventuras da Arte Contemporânea também. Aventura gigantesca...
Vocês são um bando de malucos, artistas, uns melhores, outros piores, mas todos experimentando na border line do ser humano. Brincalhões, sem medo de ser incopreendidos, de ser criticados por um idiota plástico qualquer... Uma turma elegante e charmosa, braviamente tentando livrar-se das teias poderosas do Realismo. Atacando com os dentes tudo que foi sacralizado, indo ao limite do esforço para entrar no perigoso curto-circuito com o inconsciente. As vezes acertando, na maior parte das vezes errando, mas sempre, tentando e tentando sempre a mais silenciosa, a mais meditativa das artes, uma arte talvez mais sublime que a própria sonora música: aquela que não existe no escuro, feita para a Luz e para o Olhar Humano. Bela aventura essa tal da Arte Contemporânea. Sem dúvida melhor do que trabalhar.

domingo, 20 de junho de 2010

Agora ou Nunca




Caros colegas,

Minha peça “Do Fundo do Lago Escuro” só tem mais 2 apresentações: quarta às 21h e quinta às 21h30 no Teatro das Artes, Shopping da Gávea. A peça não seguirá carreira posto que tem cenário grande e um numeroso elenco, difícil de manter. Mas para mim super valeu à pena. Faço questão que vocês vejam. A peça é sobre minha infância e me fez viver uma aventura que só o teatro proporciona. Convivi intimamente nos últimos dois meses com meu pai, minha mãe, minha infância já muito esquecida. E na medida que eu ia entendendo estas pessoas, o teatro obriga entender, eu ia me reconciliando com elas. No final das contas esse trabalho me serviu de meio para reconciliação com a minha infância. E compreender melhor o dito famoso do meu amigo J. P. Sartre “Não importa o que o passado fez de mim, importa o que eu farei com o que o passado fez de mim”.

Quem precisar de desconto na bilheteria, responda esta postagem para entrar na lista amiga (R$15).


Abraços,

Domingos Oliveira.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

ATUALIDADE


2. ATUALIDADE
Em pílulas

• Todo mundo diz que a Zona Portuária do Rio de Janeiro vai virar Broadway dentro de no máximo 2 anos. Muita gente investindo lá, muita gente ganhando dinheiro lá, é bem possível que seja sim. No Galpão da Ação e Cidadania, que é enorme, tem um espaço que foi denominado por cortesia do falecido Maurício Andrade, sucessor do Betinho, “Teatro Domingos Oliveira”. Deveria me meter lá para ficar rico daqui a 2 anos, mas é muito longe a Zona Portuária. Com o trânsito ruim, bate 1 hora da minha casa ou muito mais. Resumindo, não tenho tempo pra ficar rico. Não tenho tempo para nada a não ser criar coisas novas. Com ou sem patrocínios. Não agüento mais esperar patrocínios, não tenho tempo! O número de coisas que quero fazer antes de morrer demanda mais uns vinte anos de vida. A não ser que sem saber eu me chame Matusalém, não vai dar tempo. No momento escrevo uma peça nova denominada “Turbilhões”. Pra quê uma peça nova, se há outras na gaveta? Eu não quero saber, escrevo por escrever. Escrevo. Estou exatamente naquela fase que acho tudo muito ruim, que sou medíocre, que engano as pessoas há várias décadas, que não tem vocação eticétera e tal. Eu já começo a vislumbrar a cara dos personagens. Logo logo cessará a angústia do escritor tomando conta a alegria do escritor, cercado pelos seus personagens indagativos e curiosos, sem saberem ainda seu fim, coexistindo como existem aqueles que têm carne e osso. Uma nova turma terá sido posta no mundo e sentirei de novo o prazer desta maternidade.

• No Cinema, não perder Woody Allen - “Whatever Works”, cuja boa tradução seria “Passa a ser correto tudo aquilo que dá certo”. Gostei muito também de “Guerra ao Terror” dirigido pela ex-mulher do Cameron. Filme de macho. Não vejo um filme tão bom assim desde “Invasões Bárbaras”. O assunto é guerra enquanto droga, vício. O que é o único ponto de vista segundo o qual se pode compreendê-la. Fernandinha Torres não gosta, há quem não goste. Sempre com a mesma argumentação, que o final heroiza o personagem fazendo avançar sobre os perigos naquela roupa de astronauta-super-herói. Não concordo. O filme não tem nada de americanista ou de direita. O super-herói é um suicida que lembra Corisco de Glauber quando alguém o alcança no meio do sertão para avisar que as tropas estão chegando e que ele vai morrer. Othon Bastos, o Corisco, vira para ele e, depois de um instante, responde “Eu já morri”. É disso que a Bigelow fala, dos que vivem, embora nascidos, mortos.

• Me parece também imperdível, para quem tem interesse em cinema, o documentário “Godard, Truffaut e a Nouvelle Vague”. O filme é centrado na feitura de “Quatrocentos Golpes” que traduziram como “Os Incompreendidos” e “No limite do fôlego” (À Bout de Souffle), primeiras obras dos amigos Godard e Truffaut. É imensa a influência dos dois no cinema que veio depois, inescapável. Eram dois homens muito diferentes, importantes na minha vida. Godard me ensinou a liberdade. Ele é um mestre nisso. O “Fôlego” não é um filme, é invenção de um novo cinema. Que, segundo o documentário, assustou o próprio Truffaut, que financiou parte do filme. Embora fosse um homem sem posses. Truffaut me ensinou a montar músicas clássicas em cenas cotidianas. E acima da inspiração livre desses homens, herdeiros de Rossellini, nasceu toda uma nova onda que quebra, espalha sua espuma nas praias da eternidade. Tem até o primeiro teste de Jean Pierre Leaud, onde ele conheceu Truffaut. Godard é homem mais duro, talvez por isso está vivo até hoje. Enquanto Truffaut já se foi há algum tempo. O filme mostra também como vive um jovem inteligente numa sociedade voltada para a cultura, ou melhor, para a arte, aquela que modifica gente e sociedade. Confesso que é de babar de inveja. O movimento liderado pelo Cahiers Du Cinema, uma simples revista de cinema que tinha de 10, 20, 30 rapazes ou velhos, todos com a cabeça fervendo, querendo conversar antes de discutir. Fazer o melhor cinema do mundo e, assim, mudá-lo. Hoje aqui ninguém discute mais. Ninguém vai ver o filme do outro. É cada um por si e o diabo por todos. Eu não consigo ver filmes brasileiros. Quando percebo a existência do filme já 2 ou 3 amigos vieram me dizer para eu não ir ver porque é muito chato. E em geral meus amigos estão com a razão. Mas se não vemo-nos, se não nos damos, estamos entregues ao governo, como agora. E os grandes artistas vão cuidar de coisas mais sérias entregando o Cinema para os industrialistas. Tristeza.
• A Nouvelle Vague provou (Rossellini, antes deles) que não é preciso uma boa técnica para atingir como um punhal o coração dos espectadores. Hoje há toda uma tendência de colocar a “boa técnica” como elemento essencial. O que é uma burrice, com mais muitas outras entre as quais vivemos. Que vivam bem os industrialistas! Que o Deus do dinheiro os proteja! Que os camelos passem pelo buraco da agulha! Que os ricos entrem no Reino dos Céus. Mas deixem lugar e concedam devido respeito ao Filme de Arte. Comunicativo, humano, necessário.

INÉDITO: IPÊ


Atualmente não me sai da cabeça a vontade de fazer um filme realmente marginal. Com câmera dos amigos,câmera de telefone, máquina fotográfica etc, com um único carro da produção, e cinco pessoas no máximo da equipe, porque 5 é o que cabe em um carro. Já postei o "Balão" outro dia. E agora vai, ainda sem roteirização, o IPÊ: uma reflexão sobre a arte contemporânea... Em 2 sequências.


sequência 1:
O IDIOTA PLASTICO
Interior noite num
Restaurante de luxo da zona sul

encontrei o idiota plástico jogado no fundo de uma mesa de um restaurante, onde eu tinha marcado encontro com o pintor contemporâneo ze bechara. ip, o idiota plástico, é uma figura muito conhecida nos bares cariocas, depois das onze. gosto dele, do idiota plástico, apesar de que as vezes bebe muito e fica inconveniente. ou melhor, ele sempre bebe muito e fica inconveniente. mas é um solitário. era setembro de 98, eu tinha marcado um encontro com o zé. o zé preparava então a exposição que fez em outubro no mam, e queria de qualquer jeito que eu visse os trabalhos ainda no ateliê. tinha tido uma idéia sobre o titulo geral do trabalho e queria me consultar a respeito. mas tinha acabado de me celular para avisar que estava uma hora atrasado. estava esperando a babá para deixar a filha, motivo justo.não disse nada mas achei que o acaso tinha obrado bem aquela noite e sentei-me à mesa do idiota plástico. talvez ele pudesse me ensinar alguma coisa sobre a arte contemporânea que depois me ajudasse no papo com o ze. o idiota plástico, todo mundo sabe, agride compulsoriamente qualquer um que senta na mesa dele. pricipalmente artistas contemporâneos, mas tambem teatrógos, cineastas, poetas. seu oficio é esculhambar , agredir é o seu destino, não sei por que gosto dele. ele proprio se nominou:

IP - “Somos muitos no mundo plagiando Nelson Rodrigues, agora quero ser conhecido como o idiota plastico, mas podem me chamar de IP. Não que eu não tenha desmaiado na minha juventude com os meninos azul e rosa de Picasso, enlouquecido com Cezanne, Van Gogh foi pra mim mais que o Kirk Douglas, El Greco me inundou de mistério e até pintor eu já quis ser....Mas já não me agradei tanto de Klee e Mondrian...- confessa o IP abrindo seu sorriso de Jack (Nicholson) - e daí por diante a grande parte de tudo que fizeram me parece esquisito. Ou seja, sou um idiota plastico.” –disse ele dando um gole no seu Jack (Daniels) sem gelo.

IP -“Penso que o abstracionismo é um tipo de perversão.Ficar pintando coisa nenhuma, com tanta coisa bonita pra pintar, meu Deus, meu Deus...”

notei imediatamente que a garrafa de jack já estava pela metade. e que o nosso amigo devia andar solteiro , tal a acuidade com que examinava cada mulher que chegava ao bar. mas como não parava de falar, servi-me tambem do uisque e continuei ali, me distraindo:

IP - -“Gosto muito do trabalho do Bechara, não pensem que não gosto. Aquele menino vai longe.Cada vez mais quadros desse tipo valem milhões- continuou ele. Os ricos compram muito, para botar em hall de elevadores e até nas salas de visita- o que me faz pensar que a Arte Contemporânea é uma coisa inventada pelos Ricos. Como todo mundo sabe, os ricos são, de modo geral, imbecis. E sendo ricos têm necessidade de inventar novos brinquedos. Valores, para poder especular com eles , assim, divertir-se ricamente. É disso que vive a Arte Contemporânea. Jazz , rico tambem gosta muito. E Jazz é uma coisa chatissima. São artes pouco afirmativas, eu acho, então Rico gosta.” Ele estava realmente se esforçando para ser o mais desagradavel possivel. senti um leve arrependimento de ter sentado ali.. o ip notou, estremeceu de medo de ficar sozinho no bar e então , em vez de aliviar,atacou mais forte:

“Impostura,Dominguinhos.. A Impostura ronda o Arte Contemporânea. Nada contra. A impostura tem o seu lugar, cria uma turbulência saudavel.”.

“ Tem muito rico inteligente.”

“ Só aqueles que compram os quadros do Bechara”

A esta altura chegou o macarrão que I.P. tinha pedido e ele tentava come-lo com a maior dificuldade, porque não é facil filosofar e comer macarrão ao mesmo tempo. Uma mocinha morena, vestida de preto, com muitas pernas e outros pedaços de corpo clamando atenção, sentou-se numa mesa por perto. Só I.P não viu, preocupado que estava com a demolição da Arte Contemporânea:

“Mas quando eu leio no jornal ( só para citar um exemplo estrangeiro) que a ultima moda em Londres e cheat-art , o pintor pinta usando seu proprio cocô em vez de tinta e mais ,pinta com as mãos . Esse cara,famosérrimo, não me lembro o nome , tinha feito há alguns anos uma cabeça dele usando o próprio sangue que ia retirando aos poucos e que pra não coagular precisava de uma carissima parafernalia tecnica . Acho que chamava “blood head”. Agora fez um cheat-head, acho mais adequado. Depois não sei se lava as mãos ou expõe no museu. Ou seja , my God, quando ouço essas estórias tambem.empalideço e de novo reafirmo orgulhosamente minha idiotia plastica.E desculpe esse negocio do cocô, sei que não é assunto para restaurante”

Para mim, um ignorante do movimento recente dessas atividades,perguntei:-“Mas porque eles fazem isso? Certamente é para tentar a desmoralizacão do museu , questionar a autoridade do espaço oficial....

-“ Mas eles vão ficar quanto tempo desmoralizando o museu ? Duchamp já fazia isso em 1926. Coisa mais antiga ! Eu é que não vou ver um quadro de merda. Entenda bem , Domingos, não tô dizendo que o pessoal não é legal , nem que tá fazendo de sacanagem. Mas não sei se são propriamente artistas, no sentido lato da palavra” ( apedrejou com firmesa, chegando ao ponto.) “Quer dizer são quase artistas ,mas não completamente( disse num esgar,, começando a reparar na garota de preto.)

-Reenchi meu copo, a situação era tensa, se o Zé estivesse ali começaria a ficar puto..Dizer para um cara que se acha artista que ele não é, é o mesmo que passar a mão na bunda da mãe dele. IP no entanto insitiu na tecla:

-“ Artistas, artistas propriamente, não são não. Têm outras profissões correlatas”.

-Prosseguiu IP, disposto a teorizar

- “São 6 (seis) categorias, segundo meus estudos”(disse tomando um gole de engasgar qualquer um. E declinou com o maior prazer, certo de estar dizendo um piadão.)


-“ Temos os (1) simbólogos,
(2)os novidadeiros evolutivos,
(3)os chocadores de burgueses
(4)os Defensores da Liberdade,
isto para não falar nos (5) incompetentes plásticos
nem nos os (6) cenógrafos sem peça.

- Achei curioso aquilo. Tendo a achar curioso qualquer coisa. Olhei para o relogio, o Zé devia estar chegando. .IP falava quase sem pausas e continuava a sorver uisque com macarrão. E, mais que isso, a morena começava a prestar atenção nele (IP fala alto). Pensei em ir esperar o Ze la embaixo,mas não fui, confesso, estava interessado na catilinaria do IP..

-“Vai lá, idiota, continua!”-disse. (Eu tinha intimidade para chama-lo apenas pelo primeiro nome. Ele continuou, com uma logica digna do velho Gert Bornhei)


-“É importante criar simbolos, sem eles não se pode entender o mundo de hoje. Exemplo barato: pinto com pó de sangue em vez de tinta. É sem duvida um simbolo obvio do meu tipo de entrega à arte. Boto o retrato de meu pai numa redoma de vidro, construo um livro sem palavras, boto um dado dentro de um novelo de lã. Simbolos,facilmente compreensíveis . Interessante. nada contra.
Apesar de que a arte,Arte, não faz isso”- fez um silencio perigoso ao mesmo tempo que notava a tatuagem que a morena tinha -
“A Arte não resume nada , não é simbolo de nada. Quando Beethoven faz a Pastoral, não descreve e explica a floresta, porem o espirito da Floresta, de todas as florestas. A essencia da Floresta. A verdadeira Arte, se é simbolo, é um simbolo do tôdo”

O IP de vez em quando falava bonito,de vez em quando até se emocionava, porisso era dificil manda-lo à merda.. Eu sorri tambem para a morena, e IP prosseguiu a catalogação:

-“Os novidadeiros evolutivos vendem a mãe por uma novidade, algo que antes ninguem fez ainda. Cortam um boi ao meio, põe um tubarão dentro de um aquario, se penduram com anzois no meio do salão, arrebentam o piso do salão. Repito, não fazem isso de sacanagem, eles têm uma filosofia. Acreditam realmente que a Arte sofre uma evolução- acho que foi Mondrian que veio com essa pela primeira vez- e que Deus os incumbiu desta missão. por isto. É um engano, evidentemente, por vezes fertil. Não tem sentido na Arte o conceito de progresso, não há evolução na Arte, há quatro mil anos ou hoje, para a Arte é o mesmo.”

“Os chocadores de burgueses talvez sejam os mais divertidos, moleques. Botam em exposição xoxotas coloridas, todo o arsenal dos Sex-shops, excrementos ,palavrões, todo tipo de ofensas a religião, moral, familia, civismo etc. Chocar burguês sempre foi um dos divertimentos maiores do artista, é um grande barato! Estou com vontade de fazer uma instalação com buracos indicando, “burgueses, dedos aqui”. Ai eles enfiam, levam um choque eletrico. Piada sem graça , eu sei.”.

Agora já quase irmão gemeo do J.Nicholson, IP convida a garota para sentar conosco. Ela aceita e imediatamente descobrimos quem é. Trata-se de uma modelo estudante de filosofia e participante de um grupo de estudos sobre colagem antropofágica, pele muito branca e bastante vulgar,embora gostosíssima.

Agora IP só falava com ela, mas sem perder o fio da meada:
-“Os defensores da liberdade são igualmente uma gente formidavel! Posso colocar alguns elefantes com pinceis na tromba pintando paredes, ou entrar nu na galeria e fazer xixi num chão verde e amarelo, ou mostrar minha bunda pendurada na escotilha de uma nave espacial.. É a afirmação que um Artista pode tudo, que nada lhe é proibido, que a mais brilhante regra antiga não é nada para ele,que, enfim, que sua liberdade é total, como queria Sartre! Isso é bacana. É o que fez Godard com o Cinema, livrando assim para todo o sempre a cara dos cineastas de muitas chateações...
Tento colaborar, pela primeira vez:
“-Existem dois tipos de liberdade : a Liberdade 1 em que o artista prova que tudo lhe é permitido. E a Liberdade 2 , onde o Artista, porque assim exige a sua liberdade, porque quer, entrega toda a massaroca de liberdade 1...aos outros, ao publico. A Liberdade 1 gerou inumeras formidaveis obras de Arte, mas Maiores e mais genuinas provêm sem duvida da Liberdade 2.”
-“ Godard é maravilhoso, mas nunca será Fellini ou Dostoievski! “- continua IP bastante agressivo, do ponto em que estava, como se eu não tivesse dito nada.Dessa vez quase que falando diretamente para as coxas da dama de preto, ele tenta concluir:
- “A grande parte da Arte Contemporânea que vejo nos museus ( aonde vou pouco, porque é muito chato) são mais lições de liberdade que obras de Arte propriamente ditas. É importante dar lições liberdade,num mundo tão reprimido , mas, alem de ser muito chato. não é Arte!!! Nada contra .E gosto muto do trabalho do Bechara, pode dizer pra ele Aquela coisa da lã de aço enferrujado muito interessante..Não pode cortar o dedo, que dá tétano.”
A modelo está fascinada, concorda , ri . IP icentivado redobra:
“-Ensina o Ferreira Gullar, conhecido até bem pouco tempo como “o gatão”, que foi Picasso o culpado do inicio de toda zona! No dia em que colou num quadro um selo postal, afirmando assim que nem tudo que está num quadro foi o pintor que fez. Assim agindo, transformou o quadro em objeto. Passo pelo bosque – será que tem um bosque por aqui?- e vejo uma pedra bonita. Trago e coloco na exposição, ganho o prêmio. O artista é aquele que faz? Mas não é tambem o que acha? Duchamp ,quase que imediatamente trouxe o urinol . Nada mais correto, Duchamp é um gênio. Se arte é objeto , objeto é arte. A faxineira da Galeria esquece num canto a vassoura e o balde, a exposição abre e ela ganha o primeiro prêmio. Já tem vinte pessoas reunidas ao redor.
IP está decidido a liquidar o macarrão teimoso que cai do garfo. Fala mesmo de boca cheia:
“Os incompetentes plasticos”- diz ele, tentando desenhar uma caricatura da garota na toalha da mesa – “O pintor figurativo tem de saber desenhar, entrar numa intimidade muito maior que a dos médicos com a anatomia humana. São estudos árduos, mais que isso, que exigem vocação. Mamãe uma vez me bota um professor particular desenho, eu não tenho jeito,é dinheiro jogado fora, que me resta? O abstracionismo. Será o abstracionismo uma incompetencia? Será que eles são abstratos porque não sabem fazer o figurativo? A arte conceitual ( não tenho nem direito de usar esta expressão tecnica, sou um idiota plastico) , aquela que leva o artista a criar quando “tem uma boa idéia”...é mais um “mind game” que propriamente ela mesma, a Arte. São trabalhos criados a partir de um tesão intelectual. Ao passo que a outra,a Arte eterna, provém sempre de um irresistivel desejo. Como aquele que um homem tem por sua mulher amada”.
Bem, com essa ele comeu a garota, ficou decidido ali! IP pediu a conta sem cafe, riscou a caricatura que não conseguiu fazer e finalizou calmamente:
“- E os cenografos sem peça, que é a turma das instalações. Empilham bodes em engradados, passam videos como na MTV, , esticam fios, enchem o lugar de quinquilharias curiosas, fazem salas de paredes brancas vazias só que as paredes se movem um pouquinho. Parque de diversões pouco eletrizantes.. Cenarios., por vezes bonitos cenarios . Que ficariam melhor com uma peça de Teatro ali dentro, se autor tivesse a paciencia de escrever. Apesar de que Teatro é uma coisa chatissima.”- disse , dessa vez olhando fundo nos MEUS olhos..
Bom. Aquilo era demais. Resolvi defender os artistas plasticos, em nome do Bechara que não estava atrasado e sim atrasadissimo. -“Chatissimo é você” - falei. Não precisa de peça porque não é Teatro.! Uma boa instalação é uma experiencia estética,sensorial, que prescinde de narrativa, é uma experiencia medidativa , sem carater espetacular...Quanto aos simbolos, é uma coisa interessante. Eles chamam de pintar pensamentos. Se eu olho para o novelo de lã que sei ter um dado dentro(Duchamp) , sou obrigado o a pensar imediatamente na complexidade da vida ( novelo) tendo em seu bôjo o acaso (dado). Ou qualquer leitura parecida , mas não muito diferente disso”.
Daí em diante começou um tiroteio:
IP -EnTão porque o Duchamp não diz isso logo para voce em vez de botar no museu?
DO -Porque é mais indireto me provocar a ideia em mim que me dizer!.
IP -Grandes coisas
DO -O que?
IP -. Não vamos comparar isso a um ceu de El Greco por amor de Deus”.
DO -Não estou comparando. E os novidadeiros?. Que que voce tem contra a novidade?O novo tem que ser buscado. Ele estimula, alegra.
IP -Novidade loja é que tem de Ter, pra vender melhor. Coisa pra mulher desocupada. Artista prefere o perene.
DO -Quanto a chocar os burgueses, é uma demanda social,obrigatoria, senão eles permanecem dormindo.
IP -E roncam muito.
DO -Os defensores da liberdade ampliam horizontes, liberam costumes.Quanto a não saber desenhar, isso é muito relativo. Michelangelo disse que Velasquez desenha mal...
IP -Picasso disse que aos 14 pintava como Rafael.
DO - Que ficar esculhambando as coisas com palavras é muito facil, IP! .Tudo é facilmente esculhambavel com palavras, voce que é um especialista sabe!. Quadro tem de ver, instalação tem de ver, é pro olho. Voce vai aos museus e galerias? Voce vê essas coisas que voce esculhamba?
IP responde pagando a conta, a parte dele naturalmente:-“ Nunca , é claro !Não tenho saco de ir a Museu, só ouço falar. Mas do trabalho do Zé Bechara eu gosto”.
Quando vi , estavamos descendo a escada do restaurante em desabalada corrida , eu atras de IP e da morena branca, sendo que agora era eu que falava sem parar:”- Idiota,voce é mesmo um idiota. Em primeiro lugar voce está generalizando Alem disso voce toma como referência uma Arte que o mundo já consagrou,para falar de uma arte de hoje que o olho comum ainda não teve tempo de digerir!”
IP -“O trabalho do Zé é ótimo, balbuciava varias vezes IP, entre um degrau e outro.”Nunca vi ,mas é ótimo”
DO -“Degas, Monet, Pizarro, Manet levaram dez anos tentando convencer a critica e o publico, do valor do se trabalho. Se voce vivesse no inicio do século, IP, estaria dizendo os impressionistas não são, realmente artistas...
IP -“Jamais . O trabalho do Zé é ótimo, dá um beijo nele.”. Já chegavamos lá fora , o manobreiro estava pegando o carro do IP, a modelo branca tatuada sempre na frente. Discuti por honra da firma até eles entrarem no carro:
DO -“Qualquer um pode reduzir a nada qualquer coisa, aqueles borrões vermelhos de Matisse e seus peixes deformados, os erros de escala de Goya,...
“Da janela do carro , IP pediu desculpas: “Domingos, não vai se zangar comigo, acho voce o maior, dizem que voce faz o melhor Teatro do Rio de Janeiro e eu não sei viver sem voce , embora eu nunca vá ao Teatro, porque fora voce, o Teatro é chatissimo”
Nesse momento ele acendeu os farois .Que incidiram sobre uma figura conhecida e sorridente: O Zé tinha chegado. Ele tambem conhecia o IP, quen não conhecia ? Veio cumorimentar:
-“Ô Domingos, desculpe o atrazo. Tá bom IP?”
-“Tô ótimo. Conhece a minha prima – a morena sorriu sacana –Eu tava agora mesmo batendo um papo otimo ai com teu amigo e dizendo que teu trabalho ta cada vez melhor.”
-“Obrigado. Vou te convidar pra proxima exposição”
- “Voce conhece a estoria do Robert Mitchum? – disse o IP , olhando para mim e colocando a chave na ignição. Robert Mitchum,aquele ator de Hollywood dos anos 50 que ficou famoso porque foi o primeiro cara preso por fumar maconha?”
“Não conheço, ”- disse o Bechara, sem entender bem.“Vou contar pra voces, porque tem tudo a ver com a conversa que eu tava tendo como o Domingos.. Numa entrevista pediram ao R. Mitchum pra falar da profissão do Ator. Ele então disse que era uma profissão muito dura, onde se ganha pouco, não são respeitados horarios de trabalho, voce tem sua privacidade invadida, fica exposto à critica de qualquer idiota como eu, não tem garantias na velhice...mas enfim, é melhor do que trabalhar!”
Rindo muito e a morena tambem, arrancou o carro.. O Zé tambem tinha achado muita graça, eu graça nenhuma.
-Esse IP, impagavel.... Te alugou muito?
-Muito, mas foi interessante.
-Que cara séria, Domingos! Como é, vamos ou não vamos a S. Cristovão? Voce tá de carro? Vamos no meu carro.

SEQUÊNCIA 2 NA PRÓXIMA POSTAGEM