segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

PRIMEIRA LEITURA

Maria Mariana,
Que tocou uma geração inteira com suas inquietudes adolescentes retorna ao palco.
E eu convido você para assistir, opinar e discutir seu novo texto “Barco de Papel”.
O evento, mágico, ocorrerá no mesmo lugar onde há 20 anos estreou “Confissões de Adolescentes”.
Porão do Teatro Laura Alvin terça feira dia 13 às 21h.
Venha comigo dar as boas vindas a Maria Mariana em seu retorno ao teatro.

Beijos do pai

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

"Domingos" de Maria Ribeiro

O cinema brasileiro passa rápido. Última chance de ver o “Domingos” de Maria Ribeiro.

Cine Glória:16h (exceto seg) e 20h (exceto seg)
Estação Vivo Gávea1: 16h40m
Ponto Cine:14h



Que ninguém se engane. Maria Ribeiro nos trouxe um ensaio geral para o contato inquietante com o gênio de Domingos. Não foi à toa que seu documentário misturou vida e obra, e nos deu a marcha vital e alegre do cotidiano. Maria percebeu em que direção devemos seguir se nos dispomos a buscar o tesouro. Ela nos convoca para um breve exercício de intimidade e nos lança diante de abismos assombrosos, sorrindo, brincando. Aprendeu com o mestre.”
 Luiz Eduardo Soares

“Saí do cinema cheio de sentimentos de gratidão e amizade: grato a Domingos, por ter-me deixado grato à vida, e amigo dele por isso. (…) Enfim, espero que muitas e muitas pessoas vejam esse belo filme de Maria Ribeiro sobre Domingos Oliveira, meu amigo.” 
Francisco Bosco

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Mostra Alberto Salvá




Fiquei muito contente com esta “Mostra Alberto Salvá” no Unibanco Arteplex na próxima segunda-feira até 03 de dezembro sábado.
A cinematografia do Salvá é tão secreta que muitos filmes nem eu conheço. Salvá sempre abusou de sua modéstia revoltada e catalã. Fomos bons amigos. Pode ser dito que vivemos uma vida juntos no cinema. Ele foi o editor de “Edu, Coração de Ouro” e outros trabalhos meus, mas isso não é relevante. Relevante é que Alberto Salvá tinha uma inteligência incorruptível e implicante. Muito antagonizado pelo Cinema Novo, e também talvez pelo Velho, era uma figura singular e artista. Sorrio ao me lembrar disso, mas Salvá estava sempre defendendo diretores estrangeiros ou brasileiros pouco conhecidos mas que ele tinha descoberto serem geniais. Sempre tinha visto uma obra-prima aqui outra ali da qual ninguém viu, somente ele. Enfim, conhecemos o tipo. O intelectual garimpeiro, aquele que se dedica inteligentemente a encontrar as pepitas de ouro escondidas no fundo da peneira da arte. Foi um rebelde, dizem que todo catalão é, com causas que talvez somente ele conhecesse. Obras que, por injustiça ou burrice, não tinham sido devidamente apreciadas, tornando-se ele seu divulgador. Somente agora começa a me cair a ficha do Mundo sem Salvá. Não é igual, ele faz falta. Eu por exemplo sempre tive o hábito de mostrar tudo que escrevia em primeira mão para o Salvá. Enfim, poderia falar durante muitas linhas de Albertino. Talvez algum dia eu faça isso. Agora as pepitas são, graças a Recordar e Raconto Produções, as obras que serão mostradas, uma delas inédita. Será mostrada a esquisita e insólita e quase escatológica obra de Alberto Salvá.




Mostra Alberto Salvá

Unibanco Arteplex - Praia de Botafogo 316 – Botafogo, Rio de Janeiro





PROGRAMAÇÃO



SEGUNDA-FEIRA, 28 DE NOVEMBRO

19h00 - O VENDEDOR – 1990, 10 min

em seguida   AMIGAS – 2005, 18 min

fechando com COMO VAI, VAI BEM? – 1969, 78 min

***Estarei lá. Não conheço os dois curtas e o longa foi uma experiência curiosíssima de muitos diretores e muitas histórias, como muito depois Altman fez com Short Cuts. Com Paulo José.



NO DIA SEGUINTE

19h00 -  UM HOMEM SEM IMPORTÂNCIA – 1971, 70

*** Também é obrigatório estar lá para rever o Vianninha em um de seus mais legítimos trabalhos. E Salvá urdindo um filme sério, quase grave, que até os rapazes do Cinema Novo gostariam. Guardo uma emoção grande deste filme, como sendo o melhor do Salvá. Vou conferir.



QUARTA-FEIRA, 30 DE NOVEMBRO

19h00 - INQUIETAÇÕES DE UMA MULHER CASADA – 1979, 78 min



QUINTA-FEIRA, 01 DE DEZEMBRO

19h00 - A MENINA DO LADO – 1987, 95 min



SEXTA-FEIRA, 2 DE DEZEMBRO

19h00 PRÉ-ESTREIA NA CARNE E NA ALMA – 81 min



SÁBADO, 3 DE DEZEMBRO

14h00 AS QUATRO CHAVES MÁGICAS



Contatos:

Recordar Produções – 21-2264 2232 / 21-8115 3553


Raconto Produções – 21-9137 3301


terça-feira, 15 de novembro de 2011

CURSO A ARTE DE REPRESENTAR

Informações sobre o curso de 
Domingos Oliveira 
no TEATRO DOS 4

Na parte prática, serão utilizados apenas dois tipos de exercício. 

1. Sobre o livro inédito "Manual de truques para atores rebeldes" de DOMINGOS OLIVEIRA
2. Estudo prático de cenas famosas projetadas em um telão para comentar sua interpretação

Os alunos que tomarão parte dos exercícios serão escolhidos na hora, de acordo com o interesse e participação de cada um.


DIAS 19 E 20 DE NOVEMBRO
SÁBADO E DOMINGO
DAS 10H ÀS 14H

TEATRO DOS QUATRO
SHOPPING DA GÁVEA


Investimento:
R$ 300,00 por depósito bancário até sexta feira
R$ 350,00 na hora

CITIBANK
Ag 0037
CC 37087576
TEATRO ILUSTRE PRODUÇÕES ARTÍSTICAS LTDA
CNPJ 04474294/0001-44

maiores informações:
teatroilustre@gmail.com




O QUE 
VOCÊ 
VAI FAZER NESSE FIM  
DE SEMANA?

domingo, 13 de novembro de 2011

CARTA ABERTA A DILMA ROUSSEF/ SOBRE A IMPORTÂNCIA SOCIAL DA ARTE

Penso que esta carta dificilmente chegará as suas mãos e será lida por você. Esta inconveniência de tratá-la sem as pompas do protocolo somente se justifica pelo extremo respeito e admiração que tenho pela mais fulgurante trajetória que já vi alguém realizar no cargo de Presidente da República do nosso imenso e querido Brasil.



Penso que você não chegará a ler esta carta, que será obstada por seus assessores, sabendo do nível das suas preocupações e ocupações. Eles talvez lerão e, confessando um temor talvez infundado, não a entendam. A senhora presidente entenderá perfeitamente, se chegar a ler.


Sou um cidadão qualquer, sem nenhuma ligação direta com a política, mas com a consciência da sua imensa importância e da coragem necessária para exercê-la. Sou um Artista. E é como artista que venho tratar nesta mensagem de um assunto controverso. A IMPORTÂNCIA SOCIAL DA ARTE.



Creio que é imensa.



A Arte não faz pão nem derruba Governos, mas enobrece a alma. Um país é respeitado e dignificado pela sua Arte, no final das contas. A Arte é um retrato de um país. Nós, artistas, sabemos disso. Temos certeza desta importância. Mas não sabemos explicá-la, não temos a pedagogia necessária. De modo que fica assim. Quem sabe, sabe. Quem não sabe, não saberá. Porém tentemos.


A Arte realmente parece de uma importância insignificante diante dos outros problemas do país. É apenas uma aparência. Sem a Arte, o Estado se desestabiliza. Cai em ruínas, como um edifício implodido. A médio prazo, quero dizer, porque a arte age modificando as consciências. E este é um processo lento, embora perene. Porém insubstituível.




Na nossa agressiva e competitiva sociedade moderna, somente a Arte lembra os homens os valores que construirão a civilização: a honra, o patriotismo, a moral, a solidariedade, a cidadania. Com sua voz débil, ela grita para quem quiser ouvir que vivemos num mundo cruel, que poderia ser muito melhor. Porque os problemas sociais são todos culturais, a senhora sabe disto melhor do que eu. “O problema da fome não é a fome. É a indiferença quanto à fome.”, dizia meu saudoso Betinho. O mesmo acontece com a saúde pública, a educação e as outras muitas carências do nosso bravo país. O problema não é a corrupção. É a indiferença quanto à corrupção.



Vivemos numa época e num país onde a Arte é violentamente desprezada, como ficou claro recentemente na intenção de corte da verba mínima que caracteriza o Ministério da Cultura. É a Arte que fica na História. Posso não saber quem era o Rei da Inglaterra nos séculos XVI e XVII. Mas Shakespeare, sei perfeitamente quem é. Quem seriam os poderosos da antiga Grécia nos tempos de Pitágoras, ou Platão? Foram esquecidos.



Somente a Arte é um legado para o futuro. E não resta dúvida que todos os grandes avanços humanos provem, direta ou tortuosamente, das Artes.




A Arte, ela salta, melhor que o gato. Por cima da aparência. E aquele que recebe a mensagem do Artista salta também, por cima do muro sensorial e das limitações morais com que está acostumado a perceber o mundo.


A cultura é conhecimento, é educação. Diz-se que é necessário conhecer a vida para compreender a Arte. Está errada a ordem da frase: é preciso conhecer a Arte para entender a Vida.



Os homens já foram mais artistas que hoje. Antigamente as roupas eram belas, os móveis eram belos, os talheres eram belos. O homem já esteve mais próximo da Arte.




Embora Ela sempre sobreviva, nas adversas circunstâncias. Entremos de madrugada num cabaré suspeito. Estará tocando uma linda canção vulgar, para um casal que dança agarrado. Ela tem vestido justo, ele revolver na cintura. Dançam a canção. Nem o bandido pode viver sem a Arte.


Se alguém quer morrer, morrer mesmo de não ter jeito, toque para ele uma música de Mozart, ou mostre um quadro de Renoir, um bom filme ou até mesmo simplesmente conte uma boa e sólida humana história. Se isto não salvá-lo, se a depressão persistir, desista. O homem está morto. A Arte não é o espelho da Vida, é sua propaganda.


O artista sabe que o mundo tem caminhos. Sabe que não pode mudá-los mas que, de alguma forma esquisita, o mundo o consulta antes de dobrar a esquina.


É costumeiro unir e confundir a Cultura e a Arte com o lazer e a diversão. Ambas são responsabilidades do Estado preservar. O futebol, o carnaval, as festas e jogos populares, os bailes onde tocam a melhor música do mundo inteiro, são importantíssimos para a saúde social. A Cultura e a Arte são o lazer construtivo. A Arte é o lazer que dignifica a alma e torna o homem mais apto a lutar contra a desigualdade, a corrupção, o egoísmo e outros males modernos de igual dimensão.


Permita-me mais uma liberdade. Cultura e Arte são coisas diferentes. Cultura contém a Arte, porém se refere ao passado. Enquanto que a Arte coloca no mundo coisas que não estavam lá, antes. Ela anuncia o futuro. Nessa difícil defesa do Ministério, permita-me falar em Arte, querendo dizer, com isso, Cultura fértil.




O Estado Brasileiro neste momento (e, se deus quiser, por muitos anos), liderado por Vossa Excelência, tem de apoiar a Arte. Para que, com ela, o homem brasileiro (principalmente o político) ganhe valores cada vez mais altos. Forças cada vez mais nobres, para defender o Brasil.




Nosso Hino da Bandeira, que também é uma obra de Arte, diz: “Recebe o afeto que se encerra/ em nosso peito juvenil (...)/ Contemplando o teu vulto sagrado,/ Compreendemos o nosso dever,/ E o Brasil por seus filhos amado,/ poderoso e feliz há de ser!”




Respeitadíssima Dilma Roussef, não permita de modo algum que a verba do Ministério da Cultura seja cortada! Isto é uma bofetada na cara e uma vergonha no peito para qualquer homem sério deste país!



É um desrespeito à importância social da Arte. Se os artistas são inúteis num país pobre como o nosso, que sejam banidos ou mudem de atividade. Mas se é aceita esta importância, que isto seja feito convictamente.




Não permita que a verba do Ministério da Cultura seja cortada! Apoie e preserve as “reservas de mercado”, os “adicionais de renda”, ou qualquer medida que viabilize a Arte e a Cultura, defendendo-nas da tirania do mercado. Em países de grande desenvolvimento, a Arte é usada como arma das nobres causas.


Não permita, Dilma, que este seja o país dos que não pensam. Ou somente pensam em si mesmos. Seja também a defensora, a mãe, a paladina da Arte Brasileira. Você merece isso. E o Brasil também.


do cidadão
Domingos Oliveira.
Artista.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O QUE VOCÊ VAI FAZER 
NO FIM DE SEMANA 
19 E 20 DE NOVEMBRO??


transforme-no num momento importante. 

te espero no meu curso 
"A ARTE DE REPRESENTAR"



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Carta aberta para Antônio Grassi com conhecimento de Ana de Holanda. Ou se preferirem, para o Presidente da Funarte e para a Ministra da Cultura deste promissor Governo Dilma




Vivemos num tempo de recessão de ideologias. No entanto é preciso ter uma, é o único meio para que a política adquira sua devida dignidade.
           A gestão Hollanda, conforme dissemos em outras cartas, deve ter característica, deixar uma marca, criar futuro. Dado o caráter do Ministério atual, isto significa a defesa da ARTE dentro da cultura. Esta é a parte que não está sendo cuidada. O mercado é um primo rico, ele cuida de si mesmo. A cultura é uma matriarca respeitada, ela cuida de si mesma. A arte é tão sutil quanto violenta, tão frágil quanto fundamental. Sempre precisam dos artistas para defendê-la.
1. Sendo assim, a primeira coisa que tem que ser verificada dentro de cada um de nós é NOSSA CONVICÇÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA SOCIAL DA ARTE. Os artistas sabem o que é a arte, somente ela dignifica a longo prazo um País. Sabem de seu decisivo papel social, como guardiã doa valores nobres... Sabem mas não sabem explicar. Ainda não têm pedagogia adequada. Somos nós que vamos encontrá-la.
    2. Protegido por esta convicção, há que separar prioritariamente a verba necessária para uma tarefa digna de um verdadeiro Ministério da Cultura.
DESCOBRIR E MAPEAR OS GRANDES TALENTOS, BRASILEIROS E VIVOS E PRODUTIVOS. A metodologia para fazer isso é simples. Através de insuspeitáveis comissões locais garimpar quem são, digamos, para usar um número pequeno, os 10 ou 15 artistas mais promissores, ou melhor, mais prontos para realizar imediata obra de arte. Artistas Brasileiros numa escolha sem preconceitos, sem diferenciar estreantes de veteranos, sul de norte e etc... Isto não é tão difícil. Nem custa caro. Na verdade, sabemos quase de cor, quem são eles por sua obra anterior, ou pelo brilho de seus primeiros filmes ou peças.
3. Esses artistas devem ser PRESTIGIADOS E PRIVILEGIADOS sem pudor pelo Ministério, no sentido da viabilização da sua próxima obra.
Obs- Claro está que não será fácil formar comissões julgadoras tão respeitadas que torne insuspeitável  a escolha. Mas este é outro assunto: “A ARTE DE COMPÔR COMISSÕES”, que não cabe aqui.

Desculpem a sinceridade direta destas palavras. É que sei que vocês são pessoas ocupadas, na política não se tem tempo a perder.

...No Cinema domina atualmente o industrialismo. Filme bom, mais que isso, respeitável, é aquele que dá muito dinheiro e grande número de espectadores. Refiro-me é claro, aos “Tropa de Elite”, “filmes do Daniel Filho” e outros cineastas sem dúvida bem feitos. “Tropa de Elite 2” é sem dúvida uma obra de arte, com inegável importância social como “Central do Brasil”, “Cidade de Deus” e raros outros. Esse tipo de Cinema é altamente benéfico para o panorama geral, tem que ser apoiado pelo Ministério em toda medida do possível, embora não precisem disso. As leis de incentivo fiscal e o valente aproach dos filmes bastam para garantir sua existência.
           No Teatro atualmente domina a comédia inconseqüente. Minha ficha atesta que não tenho nada contra a comédia, desde que seja útil socialmente. Mas, essas de agora são da maior parte apenas divertimento e, disse Brecht, “a arte é divertimento e ensinamento”.
           A Arte está fazendo falta no jogo. É ela a locomotiva que carrega, a mãe que alimenta todo o processo...

COMO DEFENDER A ARTE SEM CRIAR INIMIGOS?...

1.                        ...Afirmando que esse tipo de filme é absolutamente necessário para alimentar o mainstream que, sem ele, tenderia à repetição. Até a TV Globo precisa da experimentação. O que seria do Cinema Novo sem “Deus e o diabo na terra do sol”? Da Retomada sem “Central do Brasil” ou “Cidade de Deus”? Esclarecendo que um plano de apoio ao filme autoral / comunicativo, seria uma linha paralela de ação à existente, e não excludente...

PRIMEIRA SUGESTÃO PARA O RESGATE DO CINEMA E DO TEATRO DE QUALIDADE

...O filme de risco, feito do bolso do produtor, tem de ser reabilitado. Atualmente é proibido.
...O Teatro é o espelho do país. O Cinema americano é o segundo maior negócio dos EUA. A MGM, que criou o espetacular musical americano, misto notável de diversão e Arte, tinha por marca um leão que rugia cercado por uma fita dourada onde se lia pomposamente as palavras “ARS GRATIA ARTIS” que significa “Arte pela Arte”. Eles sempre souberam que Arte é a alma do negócio...
...O Ministério da Cultura não é o Ministério das Batatas. Ele tem o direito de defender a Arte e os autores realmente comprometidos com a humanidade e o bem comum.
           ... Porém creio que a Arte engrandece a sociedade, que sem ela, caminha para a barbárie. Que a Arte é o melhor antidepressivo e a única atividade humana que realmente retrata um país...
           ...O Ministério deveria criar um programa que permita o investidor privado arriscar seu dinheiro pessoal num filme. Para que ele possa fazer isso, deve poder de alguma forma contar com o apoio oficial, ter o seu filme ou peça pronta e, se considerado socialmente útil, ser ressarcido do que investiu...
           ... Sobre as comissões julgadoras, sabemos que não existe uma técnica consagrada regendo este assunto. Embora do financiamento de um filme até a elaboração do orçamento do Governo, tudo é resolvido por comissões! Convém, portanto, teorizar a respeito.  Mas esse assunto também não acaba aqui.
           Perdoem minha intromissão sem ter sido chamado. Mas faz parte da Cidadania, não é assim?
           Com toda simpatia e devido respeito, além da certeza da sua compreensão, subscrevo-me.



Domingos Oliveira
Rio de Janeiro, novembro de 2011

domingo, 6 de novembro de 2011

Vídeo nº 3- Coleção Domingos Oliveira - Abertura Alternativa


A abertura de um programa de televisão é de uma importância enorme no resultado geral. Afinal, aquilo vai ser repetido na tua cara dezenas e dezenas de vezes e pode fazer você ter horror ao programa. Este clip é uma outra versão que não foi ao ar do programa “Coisas Pelas Quais Vale à Pena Viver”, que eu e Priscilla Rozenbaum fizemos para o Canal Brasil atualmente no ar uma reprise da segunda temporada.

Na próxima quarta-feira, às 21h30, cineastas discordam por vezes ferozmente sobre o cinema sem duvidar do seu amor por ele. Por vezes um homem normal é acometido de ataques leves de paranóia. Acho que o jornalismo (autoral) que eu e Priscilla fizemos no Canal Brasil nos últimos 5 anos é de alguma forma o melhor dos programas de entrevista existentes. Igualando-nos aos entrevistados, sinceramente, alcançamos um grau de intimidade e confissão jamais vistos antes. É um autoelogio isso, eu sei. Mas vai ver que você concorda com isso. Você concorda com isso? E quanto à abertura, deveríamos ter escolhido esta ou aquela outra das flores se abrindo, que é usada até hoje?



quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A ARTE DE REPRESENTAR

um curso de

DOMINGOS OLIVEIRA



curso intensivo

prático e teórico

um final de semana

 

SÁBADO E DOMINGO

19 E 20 DE NOVEMBRO

das 10h às 14h



DOIS ENCONTROS INESQUECÍVEIS COM DOMINGOS OLIVEIRA

NO TEATRO DOS 4

SHOPPING DA GÁVEA



TEORIA E FILOSOFIA DO TEATRO / CINEMA / TV DE DOMINGOS

EXERCÍCIOS COM OS ALUNOS, BASEADOS EM CENAS DE SEUS FILMES E OUTROS

 

O que você vai fazer neste fim de semana?



Informações: teatroilustre@gmail.com

domingo, 16 de outubro de 2011

Vídeo nº 2- Coleção Domingos Oliveira - "O Homem Lúcido"


Me lembro que nos últimos dias antes da estréia da minha peça “Separações”, que depois virou o filme do mesmo nome, eu não sabia como ia terminar a peça. Sabíamos todos que estava longa, quase duas horas. Que era preciso algo rápido para terminá-la. Eu sonhei um final, um monólogo chamado “O Homem Lúcido”. Mas ninguém ia aceitar isso, a peça acabar com um monólogo enorme de cinco minutos... Então resolvi dizer para os atores que o texto não era meu, disse que era um texto etrusco de 1300, encontrado numa escavação arqueológica e que eu tinha lido no National Geografic Magazine de 1942 página 63. Todo mundo acreditou. Só desconfiaram que era meu quando não encontraram no Google. Eu faço muito isso, quando escrevo uma coisa muito inteligente, digo que não é meu. Que é de “Keats” ou de “Blake” ou outra coisa assim bem elegante. Aprendi esta artimanha nos meus anos de TV Globo. Lá, se você trabalha mal, te repreendem e depois te botam para fora. Se você trabalha bem, elogiam e depois te aumentam o salário. Agora, se você for ótimo... eles te matam. Um homem lúcido não desperta invejas.

Vídeo nº 1 - A Vida é uma puta

"A Vida é uma Puta" ou "Deselogio da Vida" é um dos primeiros poemas. Possivelmente o melhor deles. Foi escrito como parte da fala de Mefisto da minha peça "O Triunfo da Razão" (uma história para crianças do século XXV e a única peça minha que ainda não foi montada).

Há certas obras pelas quais o autor tem tanto zelo... que acaba por não montar. Assim como uma donzela que com excessivo pudor acaba por não trepar. Mas o dia do triunfo chegará. Trata-se de uma versão ficção científica do Fausto "onde o demônio está possesso porque perde todas as almas que compra no último momento", quando o pecador se arrepende. Posto que o verdadeiro arrependimento redime as almas, segundo a maior parte das religiões. Considerando isto uma grande sacanagem divina, o demônio inventa outro tipo de contrato. Fausto vende sua alma porém, imediatamente esquece que vendeu! E em tendo esquecido, não pode se arrepender do que não sabe.

A peça "O Triunfo da Razão" eu sempre quis que fosse uma cantata, uma ópera, coisa cara assim. Por isso não cheguei a montá-la (até hoje). A peça é um processo segundo o qual o Fausto salva sua alma a despeito da engenhosa artimanha de Mefisto. Como?

Aguarde.

Sugestão de Pauta




Alberto Salvá

Morreu Alberto Salvá. A morte de um grande amigo é coisa muito dura. E a coisa se agrava se a amizade foi por mais de quarenta anos, sobretudo - descobri agora -, se o amigo for mais moço que você. Quando conheci Alberto Salvá ele era um rapaz agitado como a Catalunha de onde veio com sua modesta família. Um dos mais famosos catalãos é Salvador Dalí, outro é Buñuel. Salvá foi igualmente influenciado pelos dois, herdando deles uma audácia e um amor pelos movimentos de vanguarda que me fascinaram imediatamente ao conhecê-lo. Botei-o para fazer a edição de “Edu Coração de Ouro”, meu segundo filme, e desde então ficamos amigos. Durante os tempos hippies, quando fomos vizinhos em Teresópolis, tivemos uma inteligente e gratificante convivência.




Salvá sempre se interessou pela possibilidade de um cinema barato, “low budget”. Era autor, escrevia ele mesmo as histórias que pretendia filmar e, no início da carreira, em 1971, realizou um notável longa metragem chamado Um homem sem importância, protagonizado por Oduvaldo Viana Filho e Glauce Rocha. O filme é um dos melhores já feitos no Brasil, segundo as cabeças bem pensantes.



Como diretor/autor Salvá fez 14 filmes, entre os quais o unanimemente aplaudido Menina do Lado, além de ter realizado muitos trabalhos para televisão e escrito vários roteiros para outros cineastas. Era também fotógrafo, montador e, até o ano passado, subia os labirintos da Rocinha, de moto-táxi para ministrar oficinas de Roteiro. Enfim, Alberto Salvá foi um importante homem do cinema, extraindo dele seu sustento e deleite, embora sempre arduamente. Salvá nos fará muito falta, como artista, como companheiro, como amigo. Ele nunca teve papas na língua quando se tratava de política cinematográfica. Bom literato, ganhou o primeiro prêmio da Revista Playboy com o excelente conto “Alice” e, em parceria comigo, uma sofisticada pornochanchada baseada em histórias do jovem Marquês de Sade: “As Deliciosas Tradições do Amor”.



Seu pensamento era em geral voltado para as mulheres e assuntos sexuais, mas também para um sofisticado esoterismo, além do espírito crítico constante quanto à sociedade em que viveu. Foi casado meia dúzia de vezes e suas ex-mulheres estavam todas reunidas, em harmonia, acompanhando com carinho os últimos momentos do meu amigo. Ele teve dois filhos, Melanie e Gabriel, que o ampararam com extrema dedicação e iluminaram o final de sua vida.




"Um Homem sem importância"

É de estranhar que Alberto Salvá sendo pessoa tão interessante não tenha tido o devido reconhecimento em comparação com outros profissionais de sua geração. Explica-se: embora profundo e com aguçado senso de humor, Salvá era um homem puro, simples, sem piruetas intelectuais, com a rudeza de sua origem catalã. Ou seja, não talhado para conquistar um lugar ao sol no meio cinematográfico liderado pelo cinema novo dos anos 60, vale dizer por gente bem formada ou bem nascida. Salvá foi um incansável trabalhador, com sólida cultura cinematográfica adquirida empiricamente e sempre em meio às dificuldades financeiras. Não será o primeiro nem o último artista a passar por isso, num país como o nosso onde ainda não foi compreendida a importância social dos artistas. Salvá foi um guerreiro no sentido de Castañeda, um de seus autores prediletos.




Apesar das limitações, suas qualidades humanas e profissionais conquistaram uma legião de fãs, amigos e discípulos. Deixa um filme inédito, que merece toda atenção de cineastas e demais pessoas ligadas ao cinema. Vi o copião, já previamente montado. É um filme maldito, pessoal, escandaloso e sem dúvida, interessantíssimo. Não sei mais o que dizer sobre o Salvá. Quando se fala muito acaba não se dizendo nada. Acrescento apenas que a obra e a vida deste homem merecem ser estudadas e documentadas para as futuras gerações.



Rio, 16 de Outubro de 2011



Domingos Oliveira.


E-MAIL ENVIADO PARA: Isabel de Luca, Paulo Mendonça, Rodrigo Fonseca, Maria do Rosário Caetano, Revista de Cinema e este blog.
"Um Homem sem Importância"

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

É chegada a hora!

Meus amigos,



É chegada a hora de apagar meu bolo de 75 velas, o que não é um bolo, é um incêndio.


Gostaria de convidá-los a todos, leitores do blog e amigos do facebook, para comemorar comigo na SEXTA FEIRA dia 30 de setembro às 19h, no Teatro dos 4, assistindo o meu espetáculo SENTIMENTO DO MUNDO. Que afinal, é de teatro que eu gosto. O assunto da semana será “da condição humana e da sociedade que decorre dela”. A produção do espetáculo liberou a lista amiga a 15 reais para todos que chegarem na bilheteria dizendo “vim para o aniversário do Domingos”.


Um abração, espero por todos lá!

Domingos.



segunda-feira, 12 de setembro de 2011

“Sentimento do Mundo” Parte1: Sobre o Amor

Parte 1:
Sobre o Amor
Parte 2:
Sobre a Condição Humana e a Sociedade que dela derivou.

Parte 3:
Sobre a Arte, Deus e outras transcendências.


quarta-feira, 6 de julho de 2011

TURBILHÃO



Imaginem vocês uma peça de teatro que divide a responsabilidade da narrativa com a Sétima Arte, o Cinema. Atores convivendo com as imagens gigantescas da tela; discurso paralelo do diretor com toda a liberdade das imagens: nuvens, ondas revoltas, entre outras; atores conversam com a tela, personagens que não estão no palco, apenas na possante linguagem da tela. Trata-se sem dúvida de uma linguagem nova. Sem modelos anteriores, mais que uma linguagem: uma contenda, um confronto entre as forças do cinema e aquela do teatro.

Imaginem vocês que isso venha envolto numa COMÉDIA tão engraçada quanto comovente, sobre uma psicanalista e dois de seus pacientes. Sobre uma mulher que não consegue se decidir entre dois homens. Sobre o destino, o acaso e sua influência na vida de cada um de nós. E sobre fantasmas. Que procuram os vivos para saber das novidades, já que lá em cima isso é proibido. E imaginem também tudo isso escrito com um rigoroso humor, estilo preciso, qualquer coisa intermédia entre Moliére e Woody Allen.

Imaginem vocês um elenco brilhante de quatro comediantes (Duaia Assumpção, Fernando Gomes, José Roberto Oliveira e Moisés Bittencourt) emoldurados por um triângulo amoroso de charme pesado (Luana Piovani, Jonas Bloch e Pedro Furtado).

Tudo isso misturado pode ficar muito ruim... mas pode ser o espetáculo do ano!

O espectador vai ao teatro com um espírito completamente diferente do que vai ao cinema. O teatro é mais cerimonioso, cultural. O cinema é cotidiano, divertimento. Para os dois juntos com a mesma importância, com que espírito o espectador virá?

Pelo menos esta interessante pergunta sociológica “TURBILHÃO” responderá.   







Domingos Oliveira

em sua 57ª peça.    





“Sou um autor seríssimo que faz um enorme esforço para não parecer que é.”





“O happy end, o final feliz, faz parte de toda a história da comédia. É uma cortesia que o autor faz com a platéia, eu explico. Certo de que na vida real aquela história terminaria mal e, por querer que o espectador, embora compreenda isso, saia do teatro contente, o autor da comédia cria bons acasos e destrói os maus, criando assim um happy end.

Ou talvez o autor tenha uma segunda intenção oculta: falar da velha e famosa harmonia do mundo. Todas as coisas em seus lugares. Sendo assim, porque de outro jeito não poderia ser.”

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O CAMINHO DO SUCESSO


TODO MUNDO TEM PROBLEMAS SEXUAIS É O MAIS RECENTE FILME DE DOMINGOS OLIVEIRA.

O caminho do sucesso não está escrito. Ninguém pode garantir o sucesso de nada. Se existisse o caminho do sucesso, ninguém fracassava. Podemos torcer para que nosso espírito de autor e portanto nosso filme esteja EM CONSONÂNCIA com a gente do nosso tempo, o espectador. Que lhe revele divertidamente conhecimentos de seu interesse e faça valer o preço da entrada.

Cinco razões para você adorar
TODO MUNDO TEM PROBLEMAS SEXUAIS.

  1. Porque as histórias são ótimas! Cinco episódios sobre amor e sexo. Hilários e reveladores. No final da sessão, confira com seu amigo (a) com que personagem ele (a) mais se identificou. Isso pode virar o joguinho da temporada. Porque com algum deles você se identificará! Todo mundo tem problemas sexuais.
  2. O fato de que o filme não julga o comportamento sexual. Conta com uma escandalosa sinceridade, que é o escândalo do filme. A sinceridade com que os personagens falam de seus problemas, a falta de culpa, a certeza de que tudo o que é humano é limpo e bom, salta do filme até o seu colo e lhe fará bem.
  3. Mais que tudo, os atores são ótimos! O maior comediante brasileiro é, sem dúvida, Pedro Cardoso. Que vem circundado de perto por Orã Figueiredo. Este é um filme feito para Pedro Cardoso em homenagem ao seu trabalho feito no teatro com essa peça, que atingiu 400 mil espectadores. Talvez o maior sucesso da comédia brasileira de todos os tempos.
  4. Porque o filme não é uma pornochanchada. É uma comédia direta e contundente sobre sexo. Embora os assuntos sejam fortes, retirados da vida real por Alberto Goldin, não há no filme um traço de pornografia. A pornografia é um mito da sociedade de consumo. Mito de que é possível fazer sexo sem emoções. Em nosso filme, todos os personagens estão todo o tempo apaixonados. Amam as mulheres desejadas como você ama a sua.
  5. Porque é um filme de Domingos Oliveira e sua turma. Priscilla Rozenbaum, Ricardo Kosovski, Paloma Riani, Orã Figueiredo, estão todos lá. É um filme pessoal e honesto. D.O. orgulha-se de nunca ter feito nenhum trabalho por dinheiro. E sim, para tocar os corações dos espectadores. TODO MUNDO TEM PROBLEMAS é um filme revolucionário.



Se você quer prestigiar este filme, vá ver na primeira semana. O sistema brasileiro de distribuição de filmes é tão cruel que retira de cartaz qualquer filme que não dê ótima bilheteria no primeiro fim de semana. Sua responsabilidade é grande, espectador. Você é quem decide o destino deste filme.

Domingos Oliveira tem em sua ficha de vida filmes como “Todas as Mulheres do Mundo”, “Separações”, “Juventude”, “Edu, Coração de Ouro” e outra dezena. Siga o seu pensamento vendo TODO MUNDO TEM PROBLEMAS SEXUAIS. É considerado por muitos o melhor cineasta brasileiro. Confira, ele merece.

Tudo é sexo. O amor é um efeito colateral do sexo.

O único jeito de acabar com uma tentação é ceder.

Melhor se arrepender de ter feito do que de não ter feito.

Todo mundo tem problemas sexuais. Se você não tem você não é uma exceção, você é um mentiroso.
 
A fidelidade é a maior das taras.
 
Casamento aberto. Um nome careta para uma idéia interessante. 
 

Domingos é um autor seríssimo que faz um enorme esforço para parecer que não é.

Pedro Cardoso é o melhor ator / escritor brasileiro. Suas obras tem o nível de Gogol e Tchecov.


Estreamos na Zona Norte.
Fizemos algumas experiências de exibição com platéia deste filme. Enquanto o espectador da Zona Sul intrigava-se com a linguagem experimental do filme (é um filme completamente diferente dos outros) o público da Zona Norte seguia as histórias, rindo e comentando, como se estivesse num jogo de futebol. Esta é a informalidade que este filme provoca. No seu jeito de ser, o público da Zona Norte está menos condicionado pelo cinema americano e mesmo pelas novelas. Sabe reconhecer com inocência quando aparece uma novidade. Sabe rir do que é engraçado.   

quarta-feira, 13 de abril de 2011

"Sentimento do Mundo"


Vivi e pensei. O tempo passou como um rato na sala e agora que estou prestes a apagar meu bolo de 75 velas, o que não é propriamente um bolo, é um incêndio, tive vontade e até a necessidade de reunir toda a minha filosofia. Se é que isso pode ser chamado assim. Tinha um livro que eu escrevi moço, tinha filosofia nas peças, nos filmes, etc, e eu queria juntar tudo para fazer um espetáculo. De teatro, que é de teatro que eu gosto.
Assim fiz. Quando olhei o material, vi que ia dar um espetáculo de 4 horas de duração. Ou, cortando muito, 3. Não gosto de espetáculos longos. Em geral, me dão sono. De modo que só tive um jeito: Dividir em três espetáculos curtos, fazer uma trilogia. Sentimento do Mundo. Um divertimento sobre o pensamento de Domingos Oliveira. Ou melhor, um manual de auto ajuda para rebeldes. O negócio começava a ficar bom. Três partes. A primeira os senhores verão esta noite. Preocupa-se com a condição humana e com a sociedade que derivou dela. A segunda trata apenas do amor. A terceira da transcendência, do mistério e da arte. Dividi assim, como poderia ter dividido de qualquer outro modo. É minha filosofia. Que os jornais muitas vezes disseram ser uma filosofia de botequim. Mas nunca ninguém me deu o endereço do botequim, eu gostaria tanto de ir lá!

E as canções, o que tem a ver com a filosofia? Não sei. E nem quero saber. Filosofar, em geral, entristece. Canções, em geral, alegram. Um homem triste que se alegra fica com vontade de ir para a noite e se divertir. Então, sempre me pareceu uma boa fórmula. E as músicas clássicas que adoro. Ponho as mesmas em todos os filmes e peças, imitando Buñuel, que disse que música é uma coisa tão importante num filme que ele sempre bota a mesma.

Mas por outro lado, sou um cineasta, um homem de imagens. E no teatro tinha projetor. De modo que eu achei que botar umas imagens ia ser bom. Que isso tudo resultaria numa espécie de retrato Polaroid da minha paisagem interior, uma biografia interna. Gostei. Assim sendo, aqui estou eu. Sem nada nos bolsos nem nada nas mãos. Acompanhado de um bom grupo de amigos, que vai me ajudar a fazer esse monólogo.

Se vocês gostarem, mandem amigos. Eles vão querer saber o endereço do teatro. É fácil de decorar. Ele fica no Flamengo, que é um bairro do Rio de Janeiro, cidade do Brasil, país da América do Sul, continente este que faz parte do planeta Terra, que gira em torno da estrela maior chamada sol, segundo os astrônomos, situado na beira de uma insignificante galáxia. E nós que estamos aqui reunidos, nunca mais nos reuniremos de novo. Não sei se já pensaram nisso. De modo que este é um momento único e insubstituível.


---ESTRÉIA DIA 15 DE ABRIL, PRIMEIRA PARTE DA TRILOGIA
DA CONDIÇÃO HUIMANA E DA SOCIEDADE GERADA POR ELA

---ESTRÉIA DIA 22 DE ABRIL, SEGUNDA PARTE DA TRILOGIA
DO AMOR

---ESTRÉIA 29 DE ABRIL, TERCEIRA PARTE DA TRILOGIA
DE DUES, DO MISTÉRIO E DA ARTE


Teatro Oi Futuro Flamengo
Rua Dois de Dezembro, 63 - Flamengo
Informações: 031 (21) 3131.3060

Sextas, sábados e domingos às 19h30.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

COMUNICAÇÃO ENTUSIASMADA: DOMINGOS OLIVEIRA GARANTE!



Ontem tive uma alegria muito grande. Estava falando bem, mas ninguém me avisou que era uma obra prima. Na primeira frase me surpreendi, na segunda não acreditei e na terceira minha boca se abriu e não fechou mais. Diante na excelência do texto, da luz, do cenário, das projeções, da música e do soberbo ator que se chama Chico Diaz. Que texto bom meu deus. É a mesma peça que Gogol escreveu (“Diário de um Louco”), que Pedro Cardoso também escreveu (“O Auto Falante”) tão bom quanto Gogol, mas melhor, muito melhor, não conhecia o Campos de Carvalho, nunca entendi bem, mas este livro é maravilhoso.Uma idéia genial. Quando você da a volta por cima e por cima. É um louco falando de si, porém com um diferencial sobre todos os loucos da dramaturgia. Ele é pleno de senso de humor, até o suicídio tão inevitável quanto indesejável. Porém loucos não têm senso de humor. Se tem não são loucos, a não ser que ... esse louco tenha ficado louco por opção. Por amor a sua loucura. Por achar que o mundo não merece a lucidez. Um louco distanciado, que tem alma brechtiana existencialista... digamos assim e um grande momento do Teatro. Sem que eu soubesse era aniversário do Chiquinho e ele fez um excelente espetáculo. Devo ter urrado bravo umas quinze vezes. E agora escrevo dividindo essa alegria com os amigos. Não é mais ou menos nem bom, nem ótimo, é uma obra prima. Vá, correndo não perca. Chico está uma fera. Ágil, leve, louco e malandro. Entendendo cada palavra que diz. Coisa rara entre os atores. Essa peça o coloca como um dos grandes... “A lua vem da Ásia” e o Teatro está no CCBB. Todos os deuses lá sentadinhos como se estivessem matado seu professor de lógica. Viva o Teatro! Quando é bom nada é melhor.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

CURSO DE DRAMATURGIA PARA ESCRITORES E ATORES COM DOMINGOS OLIVEIRA



Domingos Oliveira já dirigiu 56 peças, todas adaptadas por ele. 16 filmes e um sem número de trabalhos para a televisão.
Não costuma dar cursos e nunca deu um de dramaturgia.
Não tem idéia de quando será e se terá um próximo.
Portanto, esta é uma oportunidade única de aprender a escrever com quem escreve.
Domingos aceitou o curso por causa do desafio que ele representa, escrever uma peça de teatro ou um roteiro de cinema na frente e com participação dos alunos.
Isso nunca foi feito.
É uma oportunidade única que você não pode perder. São 36 horas de trabalho com Domingos Oliveira ao vivo!!! 

Inscrições abertas até dia 20 com desconto!

Informações:  Isabel Nessimian  2135 9724 / 99142063     Tatiana Trinxet  8183 6498


quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Além de adaptador da peça e dostoievskiano nato, eu fiz também a trilha musical, com grande prazer. Uma das faixas é uma curiosidade histórica, somente eu tenho essa gravação. Uma canção russa, antiga, cantada à capela pelo grande Ziembinski, que gravei durante um especial que fiz com ele na televisão, faz cinqüenta séculos. Quem ouve esse canto do Ziembinski encanta-se e é imediatamente transportado para as estepes russas. O tema de Vassia, personagem de Caio Blat, é de minha autoria. Assim como o tema de Lisanka, tema de amor, personagem de Isabel Gueron. Eles são de minha oculta lavra de compositor. Penso até que meus pais eram russos...
Imperdível!
Domingos.

Como não podemos convidar a todos para a estréia, quem quiser aparecer no ensaio aberto: amanhã, quarta-feira às 21h no Sergio Porto!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

“Um Coração Fraco”


Se Deus resolvesse vir à Terra e escrever, certamente o faria pelas mãos de Dostoievski.
Num consenso geral da História, ele é considerado talvez o melhor escritor de todos os tempos. Morreu com cinqüenta e nove em 1881. Viveu portanto numa Rússia Czarista de autoridades sem limites.
No ano seguinte em que escreveu “Um Coração Fraco” Dostoievski foi preso por ter participado de discussões políticas na casa de um amigo. E por ordem do Czar, submetido à detalhada farsa de um fuzilamento, somente depois sabendo sua verdadeira pena: quatro anos de trabalhos forçados na Sibéria, de onde voltaria o grande Dostoievski.
Fica difícil explicar este escritor, porque é difícil explicar um belo alvorecer para quem nunca viu um. São muitas cores, o conjunto da paisagem entontece.
“Um Coração Fraco” é uma pequena novela de sua autoria, escrita aos vinte e sete anos. Teremos portanto a oportunidade rara de ver como escreve um gênio quando jovem. Dostoievski começara sua obra três anos antes, sendo do dia para a noite eleito pela crítica o maior escritor da Rússia.
Em “Um Coração Fraco”, Dostoievski fala de pessoas simples, do amor, da felicidade. E das trevas, que impedem estes sentimentos.
É a estranha, insólita e incompreensível estória de Vassia Chumkov, jovem e humilde funcionário público, conforme foi contada a Lisanka, detalhe por detalhe, por seu grande amigo Arkaddi Ivanovitch.  
As últimas palavras de Dostoievski, segundo a lenda, foram para os filhos e netos que circundavam sua cama: “meu amor por vocês é imenso, mas não é nada comparado com o de Deus por suas criaturas”. Diria eu, imitando, modestamente: Meu amor por Dostoievski é imenso. Mas não é nada comparado com o dele por seus personagens.

PS. Quem não leu Dostoievski, não sabe o que está perdendo. É por inadvertência um idiota. Como caminhos para sair desta idiotice, recomendo começar por “Humilhados e Ofendidos” ou “A voz subterrânea” ou “Noites Brancas” ou “O Jogador” ou ir ver a peça no Sérgio Porto a partir deste fim de semana. Uma excelente primeira direção de Priscilla Rozenbaum com um brilhante elenco encabeçado por Caio Blat. Prepare o seu coração! E depois escreva para o meu blog, dizendo o que achou.