Estamos de novo diante das eleições. O sistema democrático ainda é o melhor sistema mas, vamos e venhamos, é péssimo. Se existir um bom sistema político será a cidadania, situação na qual o indivíduo toma para si a responsabilidade da sociedade em que vive. Isso somente seria possível minimizando o Estado, dividindo o país em uma centena de pequenos países que se entendem entre si, se auxiliam entre si, sem deixarem de ser cidadãos. Como fizeram naquela Antiga Grécia. Mas isto é tão distante quanto a Alfa do Centauro. O Poder, ao contrário, quer cada vez mais poder. O Poder pelo Poder. Quando você entra num esquema de poder, acontece uma coisa estranhíssima. Por mais ideias, ideais, princípios e projetos que você tiver, são todos esquecidos quando se ganha o Poder. É a amnésia do Poder, o gás do esquecimento. Dali em diante, você só tem uma meta, um princípio, um ideal: Permanecer no Poder. Isso custa tanto esforço que absorve o tempo inteiramente. A melhor coisa que ouvi nos últimos tempos sobre eleições vem de uma campanha que não “pegou” que dizia “não vote em ninguém que já tenha sido eleito”. Não vou dizer aqui que não existem políticos honestos. Digo apenas que eles são raros. Gotas no oceano.
Nunca achei o Poder tão atraente assim. Para que um homem quer poder? Esta incômoda tarefa de mandar em outras pessoas? Já é trabalhoso suficiente cuidar de uma vida, a sua própria, quase impossível no tempo que temos. Talvez seja porque, tendo o poder, o homem está mais protegido de ser atacado por outros poderes. Mas como o poder chama o poder, é inevitável que o poder menor cresça e destrua infernalmente o outro, e assim por diante. Talvez pela vaidade, afinal, se o outro me obedece, eu sou maior do que ele. Os Reis sempre viveram em palácios, que são casas de gigantes. Teto muito alto, entradas largas.
Mas também não deve ser por isso. A Vaidade é um valor menor.
Dizem também que o Poder é afrodisíaco. E por isso talvez seja. Os políticos, donos do Poder, são pessoas tão competitivas, tão ambiciosas, enfim, levam uma vida tão sem graça na disputa do poder, que talvez tenham dificuldades na sua virilidade. Tenho certeza de que isso é mia s importante do que parece.
Também no Poder as grandes máximas do demônio transformam-se em dogmas obrigatórios: “Os fins justificam os meios”, “Violência gera violência”. Ora, está exaustivamente provado que estes dois provérbios satânicos são os causadores das guerras, dos holocaustos, das inacreditáveis expressões da maldade humana, isto está escrito claramente nos livros da História. No entanto, quando você entra para o poder, esquece os livros que leu. Ou você obedece essas máximas ou você perde o poder.
No Brasil, por exemplo, temos três candidatos viáveis. Lula, Luiz Ignácio da Silva, o grande Lula... oh, perdão. Esqueci que ele não é candidato. Somente torce para a Dilma. Bem, nosso presidente é uma figura. Ele representa a inteligência do povo. Ele é esperto, realista, patriótico, atento. Conhecedor de todas as malandragens, não hesita, por nenhum momento, em aderir as citadas máximas ou ditados. O escândalo do mensalão foi um grande exemplo. Para governar, é preciso ter o Congresso e o Senado sob controle. Então, o que há de mais no ato de comprá-los? Todos aceitarão contentes e o bom Governo poderá ser feito. É impossível para mim esquecer a parcela de responsabilidade do Presidente naquele evento.
O mais interessante é que nessa infeliz moral, o Governo parece ter caminhado bem. Conversei com muitos pobres. A vida deles melhorou. Comem mais um pouco. E isso é uma grande coisa, um grande feito. Passa a fazer parte da História. Embora os jornais continuem publicando escândalos diários.
Lula, eu vou votar na Dilma! Mas é impossível votar na Dilma, Lula! Tenho de confiar no meu olhar, tenho de julgar meu semelhante pelo seu rosto. E a Dilma não inspira confiança. É possível imaginar que ela será violenta, que não terá a diplomacia nata do mestre. Por outro lado, o adversário é igualmente severo e feroz. Como se isto não bastasse, escolheu como Vice Presidente uma figura inaceitável. E se o Serra morre, como ficamos? A Marina não tem nenhuma chance. Mas tem uma cara boa, inspira confiança, é uma fã atuante do tempo em que o PT era de esquerda. Diz que só vai refazer suas alianças depois de eleita, assumindo os melhores de cada área, independente de partido... Claro que a Marina não tem chance. Mas aí vem uma das vantagens da democracia. O comportamento do grupo humano numeroso é absolutamente imprevisível. Pode ser que, na última hora, ela deixe de ser tão bem comportada e alcance a agressividade necessária diante do nível de seus adversários. Pode ser que o Serra faça alguma besteira, já fez várias, pode ser que nas vésperas Lula ou Dilma, entusiasmados com a próxima vitória, cometam alguma gafe, e pode, portanto, ser possível uma súbita mudança de todos os que pensam e seus seguidores. Ou melhor dizendo, de todos cuja mão tremerá ao colocar seu voto no candidato errado... e votem na Marina.
Algo engana muito, porém algo me diz que esta hipótese não é absurda. Sugiro que olhemos Marina com atenção.
Marina talvez não tenha um rosto tão bonito assim, mas não se pintou. E também vem da pobreza, como o grande Lula.
Observemos que estamos conversando sobre os próximos quatro anos. Porque daqui a quatro anos, claro que ele estará de volta. Após ter feito quatro anos de excelente aparição.
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6 comentários:
Eu até gostava do lula, mesmo ele sendo um poeta de boca fechada. Mas ele conseguiu conquistar minha antipatia depois de se mostrar amiguinho daquele projeto de sanguinário do Mahmoud Ahmadinejad.
Eu sinceramente gostei mais da Marina Silva.
Beijos!
Lula é fraco.
Domingos de oliveira sou seu fã.
queria que vc,se possível;visualizasse meu blog.
abraço e parabens pela carreira.
a mim, nem a candidata do lula, nem serra, nem a marina inspiram a confiança que os verdadeiros políticos deveriam nos inspirar. dos três, que são mais do mesmo, a única que poderia representar uma transformação pela defesa da questão ambiental, por exemplo, a marina, tem como vice candidatura ninguém mais, ninguém menos que o dono da natura, empresa esta que é processada pelo ministério público por biopirataria no acre.
atualmente, dentro dos moldes de democracia que temos, não acredito que os votos nessas eleições possam trazer significativas mudanças. acredito sim, que por meio dele, podemos expressar nosso descontentamento às principais candidaturas expressas. daí que não votarei em nenhum dos três, porque acredito também que escolher o "menos pior" é de certo modo ser conivente com o que de forma expressa virá a ser feito. mas respeito e, claro, reconheço e a importância que habita nisto.
por fim, devo dizer que cheguei ao teu blog por meio da indicação de uma amiga que sempre lê e tece elogios sobre. gostei bastante das reflexões e dos questionamentos aqui apresentados. um grande abraço e até as próximas palavras.
ei Domingos! que bom te ler. fui apresentado ao livro Sobre o Tempo. ali, na entrevista feita com vc, é impossível não se encantar. um forte abraço,
Olá Domingos! Sou seu fã. Parabéns!
Sandro(suicidalforlife@hotmail.com)
Excelente post, Lula é fraco, é um monstro e muito ladrão!!!
Quem votou nele, vai pagar caro quando o país afundar.
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