quarta-feira, 6 de julho de 2011

TURBILHÃO



Imaginem vocês uma peça de teatro que divide a responsabilidade da narrativa com a Sétima Arte, o Cinema. Atores convivendo com as imagens gigantescas da tela; discurso paralelo do diretor com toda a liberdade das imagens: nuvens, ondas revoltas, entre outras; atores conversam com a tela, personagens que não estão no palco, apenas na possante linguagem da tela. Trata-se sem dúvida de uma linguagem nova. Sem modelos anteriores, mais que uma linguagem: uma contenda, um confronto entre as forças do cinema e aquela do teatro.

Imaginem vocês que isso venha envolto numa COMÉDIA tão engraçada quanto comovente, sobre uma psicanalista e dois de seus pacientes. Sobre uma mulher que não consegue se decidir entre dois homens. Sobre o destino, o acaso e sua influência na vida de cada um de nós. E sobre fantasmas. Que procuram os vivos para saber das novidades, já que lá em cima isso é proibido. E imaginem também tudo isso escrito com um rigoroso humor, estilo preciso, qualquer coisa intermédia entre Moliére e Woody Allen.

Imaginem vocês um elenco brilhante de quatro comediantes (Duaia Assumpção, Fernando Gomes, José Roberto Oliveira e Moisés Bittencourt) emoldurados por um triângulo amoroso de charme pesado (Luana Piovani, Jonas Bloch e Pedro Furtado).

Tudo isso misturado pode ficar muito ruim... mas pode ser o espetáculo do ano!

O espectador vai ao teatro com um espírito completamente diferente do que vai ao cinema. O teatro é mais cerimonioso, cultural. O cinema é cotidiano, divertimento. Para os dois juntos com a mesma importância, com que espírito o espectador virá?

Pelo menos esta interessante pergunta sociológica “TURBILHÃO” responderá.   







Domingos Oliveira

em sua 57ª peça.    





“Sou um autor seríssimo que faz um enorme esforço para não parecer que é.”





“O happy end, o final feliz, faz parte de toda a história da comédia. É uma cortesia que o autor faz com a platéia, eu explico. Certo de que na vida real aquela história terminaria mal e, por querer que o espectador, embora compreenda isso, saia do teatro contente, o autor da comédia cria bons acasos e destrói os maus, criando assim um happy end.

Ou talvez o autor tenha uma segunda intenção oculta: falar da velha e famosa harmonia do mundo. Todas as coisas em seus lugares. Sendo assim, porque de outro jeito não poderia ser.”

3 comentários:

Unknown disse...

Quando estréia? já estreou? Vou pro Rio dia 15, seria maravilhoso poder ver algo seu!

Anônimo disse...

Caro Domingos Oliveira

Com as proximidades da leitura dramatizada da minha peça, tenho colhido toda sorte de comentários daqueles que eu estimo, mesmo sem conhecer, ainda que só de ver e admirar. Personagens famosos da minha família ou eternos desconhecidos do mundo das artes, tanto faz, valem o mesmo preço na minha afeição. Por conta disso, tomo liberdade e ousadia para pedir (se quiseres e puderes) para ler estas páginas caídas e rasgadas que intitulo como "Meus Pés de Pássaro". Sua opinião - ou menos ainda, o mero de gesto de me fazer este favor entre artistas - será muito cara para mim. Tenho a peça cá comigo e forneço.

Sinceros agradecimentos (e tchau, se soar mais casual)
Bernardo. (bernardosantos174@hotmail.com)

Anônimo disse...

Domingos,

Obs. escrevo aqui esse comentário, que não tem nada a ver com a sua postagem, mas não achei outro lugar mais apropriado.

Acabei de ver seu filme "juventude", e precisava lhe dizer que achei ele muito bom. O final é excelente, desde o momento em que o judeu nega o empréstimo do dinheiro até o fim do filme. Aquela sequência, no final, em que os três falam ao telefone é antológica; aquele diálogo teu com a tua filha que quer ir para os EUA, me fez chorar, me derrubou (e aí entra aquela osmose entre a historia que é contada e a história pessoal do espectador - digo isso porque atualmente o desejo da paternidade começou a me espreitar); linda cena; tua atuação em todo filme está muito boa, e acho que essa deve ter sido a atuação que mais exigiu de ti até hoje (será?), pois eu achei a melhor, comparando com outros fimes seus e, dramaticamente, notei que era puxada (po, cena de enfarto e tal...).
Todos os três atores estão muito bem, com cenas ótimas, mas a atuação do Paulo José matou a pau; ele negando o dinheiro foi foda!: "NINGUÉM EMPRESTA 100 MIL DÓLARES PRA NINGUÉM"!

Hoje eu estava meio triste, angustiado (aliás, bonitas palavras do sartre sobre angústia), e o teu filme me deixou mais aliviado - aquele choro me lavou a alma (pena que a alma se suje com tanta facilidade novamente, né?!...). Quando a gente vê filmes bons, aquela tristeza assistida na tela parece que nos traz algo parecido com a redenção; nos dá uma alegria de lembrar, de sentir a lembrança de que a arte existe. E obrigado Domingos por me lembrar que a arte existe.

abção.

Marcos Arruda Johansbauer

Porto alegre (RS), 11 de setembro de 2011.

marcos_abcdf@hotmail.com

marcos_abcdf@hotmail.com

Eu hoje estou caseiro, mas, agora de noite, após ver seu filme, me deu uma vontade de dar uma volta de carro, ver a noite de perto, ouvindo uma musica e fumando um baseado por alguma estrada (como às vezes eu faço, mas sei que hoje não vou fazer - é uma vontade, mas não um real desejo(se é que entendi a distinção teórica que tu fez no filme, hehe).

E desculpe pelo comentário tosco, pois não sou crítico de cinema (graças a deus!).