terça-feira, 21 de dezembro de 2010

21 de dezembro.

Princípio de verão. O dia mais longo e a noite mais curta do ano.


Furacão causou grandes inundações na Holanda, em 1163.

Em 2012, será o final do Calendário Maia, marcando 5125 anos.

Aniversário de morte de Nelson Rodrigues e Fitzgerald.



Nesse dia absolutamente comum, acordo às seis da manhã em estado epifânico. (Epifania é uma súbita sensação de realização ou compreensão da essência ou do afeto de alguém. O termo é usado nos sentidos filosófico e literal para indicar que alguém "encontrou finalmente a última peça do quebra-cabeças e agora consegue ver a imagem completa". O termo é aplicado quando um pensamento inspirado e iluminante acontece, que parece ser divino em natureza )

Ontem passei um dia, como costumam ser os últimos dias, mal.

Acordei concluindo. Sou um homem cansado, isso é que sou. Fisicamente cansado. O que não deve ser bom para a saúde, posto que é um pecado e pecados são punidos. Resolvi então mudar de vida. Mas antes explico.

De muito tempo para cá, virei um workahoolic. De verdade, sem falseta. Convencido de que distrair-me com o trabalho era o único modo de escapar da angústia da morte, cortei o conceito de férias do meu pensamento. Nos últimos anos, trabalho o dia inteiro. Então estou cansado. Não tomo férias há algum tempo. E me deu vontade de fazer isso. Para tal, é preciso pensar o que são férias, afinal. Não são dias em que você não faz nada. Ao contrário. Devem ser dias intensos, lúdicos, porém de brincadeira e sem grandes esforços. Bem, minha inibição é tanta de pensar sobre esse assunto, que prefiro numerar as características. O que seriam férias para mim?



1. Ir dormir quando estou com sono.

2. Fazer exercício físico e apanhar sol. Porém essas duas rotinas são apenas uma base tola.

3. Não fazer nada que não provenha diretamente do prazer e da diversão. E da alegria! Mesmo que com esforço. Mesmo ficando cansado.

4. Para isso, durante as férias, investir dinheiro em mim mesmo. Não me importar com o dinheiro. Na certeza de que ele virá, se eu estiver descansado depois das férias.

5. Amar intensamente! Gastar perdulariamente tempo nestas atividades.

6. Enfim, estar em férias é não fazer nada desagradável. Nada que custe angústias.

7. Usar a casa de campo dos amigos.

8. Visitar amigos distantes.

9. Comprar presentes de Natal.

10. Seguir de perto os trabalhos mais proveitosos é uma atividade prazerosa pelos frutos que podem render. Também não é preciso ser tão vagabundo assim.





Deve haver outras características, enumerarei mais tarde. Porém uma coisa é certa. Não se pode passar muito tempo em férias. Se não é a ruína, a bancarrota, o fracasso, a depressão.

Será que a agenda das férias pode ser extremamente cansativa? Mas não permitirei isso, juro. Não permitirei. Pensarei que o corpo descansado é o berço dos prazeres. E o alimento da alma é o oxigênio.

Repito que tenho pânico do chamado lazer. Pânico de tudo o que planejei acima. Porque eu sei que sem a obsessão do trabalho pensarei na morte e no absurdo. Mas certamente viverei mais, menos absurdamente.

Para terminar, uma das principais razões dessa minha epifania da vagabundagem, foi a Ana de Holanda ter ido para o Ministério da Cultura. Vindo de onde vem, ela deve saber do segredo, deve ter a chave do cofre. Deve ser possível aliciá-la para a causa da Arte.

Um comentário:

LUIZA disse...

Se os ultimos dias costumam ser maus, como costumam-se ser os primeiros dias?
Lhe pergunto, pois vivo neles. Sou seu contrário parecido. (uma libriana que mudou-se para a cidade grande, onde os prédios me ameaçam cair na cabeça).
Me encontro em totais férias. Posso fazer oque escolher, o que desejar meu coração jovem e inseguro. O tempo é tanto, que me sobram muitos minutos por dia e por ano pra se pensar em bobagens, ter medo, me sentir insegura...
Esse ano eu decidi que vou voltar das férias em que vivi até hoje na minha vida. Decidi que vou sair da sensação de "sala de espera" e virar a chave do carro da minha vida.
Ontem passei um dia, como costumam ser os primeiros dias pra quem é libriano e inseguro, mal.

Aguardo conselhos de quem vive em estado antagônico ao meu.

Luiza.