Um artista vive sempre em grandes ansiedades. Por causa dos patrocínios, quero dizer. A situação atual do teatro brasileiro proíbe terminantemente que você faça alguma coisa sem os patrocínios. Já tentei e eu sei. E quando vem a lista dos premiados e você não está lá, você se considera o pior do mundo. Preocupado e rejeitado. Afinal, não gostam de você.
Enfim, é um sentimento que o autor deve compartilhar. Por isso ponho na rede a que estou concorrendo, com o quê e por quê.
Que vocês torçam por mim! Se possível, espalhem, até alcançar as cabeças que decidem.
Nos próximos dias vem a resposta dos Correios e da Petrobrás.
Nos Correios entrei com um espetáculo chamado “Uma dúzia de rosas”
E é a forma atual do espetáculo que me parece justificá-lo.
Não se trata de um espetáculo sobre Noel Rosa, exatamente. É um grupo de boêmios que se reúne num bar e o assunto cai, por assim dizer, em Noel. E correlatos: os artistas que morrem cedo (Janis Joplin, Kurt Cobain), o poder da fama, etc.
E, principalmente, a vida de Noel, que é recordada ali, e batucada sobre a mesa de botequim (artefato especial), mesa trucada para percussão por Domênico Lancellotti! Toda representação, desde o início, possui uma grande alegria, mas também uma estranheza. É que na verdade estamos vendo o delírio de morte de Noel. Todo tempo é isso. O que confere ao espetáculo uma grande liberdade formal.
Na Petrobrás, entrei com meu filme “Inseparáveis”. É definitivamente o meu melhor roteiro, um marco na minha vida de escritor. Eu, que sempre me considerei um autor de “comédias comoventes”, que acho que o riso só se torna nobre com a lágrima, que acredito nas histórias de amor e que faço grande esforço para que minhas obras NÃO pareçam sérias, acho que esse “Inseparáveis” completa uma trilogia. Uma fatia definida de minha obra. “Todas as Mulheres do Mundo”, “Separações” e “Inseparáveis” contam na verdade uma estória continuada, que poderia constituir um romance de muitas páginas. Uma estória de amor, acompanhada do seu nascimento até a sua morte.
A história conta a odisséia de Oliveira Brandão e Pink Pontes, que premidos pelas repressões do casamento, embora se amem loucamente, decidem se separar. O que vem em seguida surpreende. Não é uma separação de verdade. É uma separação para os outros, uma separação aparente, para que possam ser mais livres. Na verdade o casal encontra-se regularmente num pequeno apartamento do Recreio, protegendo-se com o maior sigilo. Sua intenção é poder ter relações fora do casamento. Sem a dificuldade do julgamento dos amigos, poderão talvez controlar seus ciúmes. E ser felizes, livres. Neste momento poderão desmanchar a mentira. Esta é a estratégia almejada, para o beco sem saída do casamento. Porém tudo se complica quando ela resolve dirigir um espetáculo chamado “12 Homens e uma sentença” e ele, fazer um filme sobre o início do namoro dos dois, tendo como protagonista uma linda jovem de 18 anos. Enfim, creiam, é um filme profundo e engraçadíssimo. Repito, o melhor que fiz.
De modo que peço a torcida de vocês. Ainda não foi escrita a oração dos candidatos ao financiamento, mas por favor reze essa nos próximos dias 13 e 17 de dezembro, respectivamente. O “Inseparáveis” já foi recusado em 3 concorrências semelhantes, acho que não devem ter lido...
Mas com a torcida de vocês, quem sabe?
5 comentários:
"rezo, sim.
terço inteiro feito de carmim.
pela arte faço a minha p.arte."
opa, 17, meu aniversário, acendo um maço inteiro de vela! rsrs
sorte, querido.
benditasbemditas@hotmail.com
Já comecei a rezar e, pode ter certeza, que meu santo é forte!!!! Já não vejo a hora de poder apreciar "Inseparáveis".
Grande beijo
E aí querido,
deu certo nossas oferendas? Saiu o resultado?
Sempre achei a cena de Cabral no Baixo Gávea, em Separações, uma das mais poéticas que já vi, justamente por não saber se ria ou chorava. Agora com este seu post e sua definição sobre as "comédias comoventes" sei que nem eu nem vc estávamos errados.
Que venha "Inseparáveis"!
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